Nesta segunda-feira (22) completam dez anos da morte do ator Heath Ledger. O australiano morreu aos 28 anos de idade em plena e franca ascensão em Hollywood . Vítima de uma intoxicação acidental promovida pela mistura de remédios, o ator morreu poucas semanas depois de terminar as filmagens de “Batman – O Cavaleiro das Trevas” , pelo qual ganharia o Oscar póstumo em fevereiro do ano seguinte.
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A morte de Heath Ledger gerou comoção singular não só em Hollywood, mas também entre os fãs e cinéfilos. A expectativa pela sua versão do Coringa alimentou boatos de que o ator sucumbira à energia negativa do personagem, mas a estreia do filme apenas ratificaria o que todos aqueles que não estavam apenas preocupados com a verve sensacionalista já sabiam: Heath Ledger era um dínamo de talento cuja vida fora tragicamente abreviada.
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O ator deixou uma filha, Matilda, do relacionamento que teve com Michelle Williams. Ela tinha dois anos na época da morte do australiano. Além de Williams, Ledger se relacionou com as atrizes Naomi Watts, que conheceu durante as filmagens de “Ned Kelly” (2003), Heather Graham, Lisa Zane e Mary-Kate Olsen.
Talento incomum
A construção de Heath Ledger como leading man em Hollywood se deu aos poucos, mas seu encantamento já podia ser sentido na versão teen para a peça shakespeariana “A Megera Domada”, “Dez Coisas que Eu Odeio em Você” em que divide a cena com Julia Stiles e rouba os corações de uma multidão de adolescentes. Como o filho de Mel Gibson em “O Patriota”, o ator mostrou que era capaz de medir forças em cenas dramáticas com astros da estatura do colega australiano mais famoso, a quem elegeu como mentor. O sucesso de “Coração de Cavaleiro”, seu primeiro protagonismo em Hollywood, mostrava que Ledger estava galgando mais rápido do que o esperado a escadaria do sucesso na Meca do cinema.
Se “Honra & Coragem – As Quatro Plumas” (2002), “Ned Kelly” (2003) e “Devorador de Pecados” (2003) foram escolhas que se provaram ruins, Ledger acertou a se distanciar do cinemão e abraçar a potente cena independente do cinema americano. “A Última Ceia” (2001) e “Os Reis de Dogtown” (2005) eram vestígios do que o sublime “O Segredo de Brokeback Mountain” atestaria. Ledger era um ator sensível, de robustez dramática e de muita intuição.
Foi justamente essa intuição que o colocou na rota de Christopher Nolan e de seu personagem mais emblemático. Heath Ledger construiu um Coringa tão anárquico, incendiário e monumental que tudo o que veio antes (Jack Nicholson) e depois (Jared Leto) parece descolorido e despropositado.
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O nascimento de um mito
Ledger também foi Bob Dylan (“Não Estou Lá”) e Casanova (“Casanova”). A filmografia que o ator construía era das mais vistosas, qualificadas e empolgantes entre os atores de sua geração. Filmes como “Candy” (2006), “Irmãos Grimm” (2005) e “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus” (2009), que deixou inconcluso, corroboram a verdade indefectível de que um ator maiúsculo estava formado. A morte precoce ajustou a idolatria, comparações com James Dean logo se impuseram, mas o legado de Ledger, não só pelo Oscar e pela prospecção de desafios, é maior.
O cinema irá se voltar a ele com certa frequência. O recente e obrigatório documentário “I´m Heath Ledger” demonstra que o fascínio não vai se assentar tão cedo. E nem deve. Aquele sorriso, aquela força dramática, aquele ar misterioso sempre nos impregnam toda vez que assistimos um de seus filmes. O real significado de imortalidade lavra-se no talento e doçura de um dos maiores atores que o cinema já conheceu.