Um dos hits da edição deste ano do Festival de Sundance, “Columbus” é um filme para remediar almas aflitas. O primeiro longa-metragem do vídeo-ensaísta Kogonada , sul-coreano radicado nos EUA, é superficialmente um drama indie como tanto outros, mas um olhar mais cuidadoso revela um filme que administra muito bem os conflitos dos personagens usando a arquitetura como parâmetro.

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John Cho está sublime em Columbus, já em cartaz nos cinemas brasileiros
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John Cho está sublime em Columbus, já em cartaz nos cinemas brasileiros

O filme acompanha Jin (John Cho) que retorna a Columbus por causa do pai que está em coma. A cidade que fica em Indiana é uma Meca da arquitetura modernista e aos poucos vai se insinuando como um personagem surpreendentemente complexo. Jin, um sul-coreano que vive em Seul traduzindo livros do inglês, não se dá bem com seu pai. “Não é justo eu parar minha vida. Ele nunca desajustou a dele por mim”, desabafa em dado momento com Eleanor (Parker Posey), amiga de seu pai e uma antiga musa dele.

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A estadia em Columbus será intensa e contraditória. Cobrado por seus editores, Jin está arredido a tudo o que está acontecendo em sua vida e, em meio às turbulentas expectativas em relação ao seu pai, ele conhece Casey (Haley Lu Richardson), uma jovem na faixa dos 20 anos, entusiasta da arquitetura – tanto que se preparava para assistir uma palestra do pai de Jin – e começa a travar com ela diálogos que fluem da arquitetura aos anseios mais íntimos.

Contemplativo, “Columbus” se escora fundamentalmente em seu par de atores. John Cho jamais teve um material tão denso e reverberante para trabalhar e se sai muitíssimo bem. Haley Lu Richardson é uma revelação. Extremamente magnética, fica fácil para a audiência entender o fascínio que ela provoca em Jin e porque ele sente tanta necessidade de ficar próximo dela naquele momento de sua vida.

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Cena do filme Columbus, uma das boas estreias deste fim de semana nos cinemas

Mas a estreia de Kogonada não é acachapante apenas pelo excelente trabalho feito com os atores. Os planos e o desenho das cenas são fundamentalmente imersivos, pensados de maneira a ratificar o grande ensaísta que o sul-coreano é. Das cores frias à centralidade da arquitetura nos enquadramentos, “Columbus” é um filme muito feliz na forma e no conteúdo. A digressão existencial de Jin que contagia Casey é adensada pelos insights sobre arquitetura que pautam as conversas, todas carismáticas, entre os dois.

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Filme, cidade e personagens convergem em uma elucubração lírica, estranhamente poética e algo otimista. É um filme de beleza triste e que cativa com sutileza inconformada. “Columbus” é uma das belas surpresas de 2017.

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