A nova safra de cineastas brasileiros é empolgante e o ano de 2017 tem sido pródigo para os diretores estreantes. Prova disso é o lançamento de “As Duas Irenes”, que colheu quatro prêmios no último festival de Gramado, entre eles o de melhor filme pela crítica. Fabio Meira investe em um cinema lacunar que se preocupa mais em tangenciar angústias e anseios do que em prover respostas fechadas.
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Irene (Priscila Bittencourt) está naquela fase de se descobrir. Com a irmã completando 15 anos vivencia um doloroso momento de introspecção em que ainda não é mulher, mas também já não se sente mais menina. É em meio a essa ebulição hormonal, mas também emocional, que “As Duas Irenes” flagra sua protagonista. E a leva além. São nessas circunstâncias que ela descobre que seu pai (vivido com a devida carga de ausência por Marco Ricca) tem outra família e outra filha com a mesma idade dela e que também se chama Irene.
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Irene começa a tatear essa outra realidade do pai e a propor, ainda que timidamente, um interessante jogo de espelhos com essa irmã estranha. A outra Irene (Isabela Torres) é mais desenvolvida fisicamente e aparentemente mais resolvida em relação a seus desejos. Parece levar uma vida mais livre também.
As duas Irenes vão se conhecendo, se experimentando e experimentando juntas. É nessa jornada de autoconhecimento compartilhada, de muitos questionamentos e de uma revolta hermética, que o filme de Meira se ocupa. É um filme sobre crescer, mas é também um drama familiar sutil e algo introspectivo. Sem respostas, mas profundamente sensorial.
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As atuações servem a um texto que se propõe investigativo dos meandros da intimidade e as atuações das duas jovens e estreantes atrizes condiciona à memória afetiva do espectador o grau da emoção que “As Duas Irenes” é capaz de despertar.