“Mas cadê o rock se o evento chama Rock in Rio?”. Se você é um daqueles fãs apaixonados pelo gênero, com certeza já se questionou sobre isso em algum momento – e caso não seja, provavelmente já se deparou com a frase nem que seja em algum comentário de alguém indignado na internet com a escolha de nomes como Lady Gaga, Fergie, Alicia Keys dentre os headliners do festival. Mas a verdade é que, exceto pela sua primeira (e histórica) edição, o Rock in Rio nunca foi um evento voltado apenas para o rock... E os protestos contra a escolha dos artistas também não são novidade.
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Rock por acaso
Lá atrás em 1985, Roberto Medina tinha um projeto: fazer um festival de proporções internacionais no Rio de Janeiro. E só. O próprio publicitário que fundou o evento não era lá um dos maiores apreciadores do gênero – na verdade, ele se apoiava com frequência na ajuda de pessoas que entendiam mais do que ele sobre o que estava “em alta” na época, e essa é a chave para entender o porquê o Rock in Rio foi o Rock in Rio. Foi quase uma coincidência que, naquela época, o rock fosse o ritmo mais ouvido pela juventude. A popularidade de artistas como Queen e AC/DC que os colocaram para dentro do festival, não o contrário.
Seis anos depois o cenário já começava a dar sinais de mudanças – e, sendo um evento com a pretensão de se firmar no circuito mundial, o Rock in Rio precisava acompanhar a maré para continuar relevante. Em 1991 o primeiro indício de que em breve as divas pop tomariam os palcos do evento foi a escalação de Debbie Gibson e Deee-Lite como atrações daquela edição – e ainda compondo ainda o cenário pop havia a boy band New Kids On The Block. E, como era de se esperar, houve resistência por parte do público, mas a salvação foram nomes como Guns N’ Roses e Judas Priest que apaziguaram os ânimos dos críticos.
Pop in Rio
A partir da terceira edição, em 2001, a presença de nomes do pop já era consolidada e a uma das principais atrações daqueles ano foi justamente a diva pop do momento: Britney Spears. Além dela Sandy & Júnior e Daniela Mercury representavam o som brasileiro que estava no topo da atenção do público naquele momento.
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Dai por diante não houve um Rock in Rio sem pelo menos a presença de uma cantora – e a lista de nomes que já passaram pelo Palco Mundo é, no mínimo, muito respeitável. Beyoncé , Katy Perry, Rihanna , Shakira, Alicia Keys, Jessie J. e Ke$ha foram algumas das headliners de edições passadas aqui no Brasil – e esse ano a atração mais comentada (e aguardada) não será ninguém menos que Lady Gaga.
Sucesso absoluto
Se há 30 anos as vendas do Rock in Rio tivessem derrapado com a adição de artistas fora do eixo rock-metal, se a escalação de Britney, Rihanna, e Beyoncé não tivessem dado certo, por que a organização repetiria a dose? A verdade é que, apesar das críticas de fãs mais conservadores, a pluralidade musical que passou a tomar conta do festival foi um sucesso – de público e de crítica. Alguns dos shows mais procurados da história do evento eram – surpresa! – das tão repudiadas “divas pop”.
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A equipe do Rock in Rio não é suicida nem vai sabotar o próprio império que ergueu ao longo de décadas. Nesse ano, por exemplo, o Palco Mundo terá Guns N’ Roses, Red Hot Chili Peppers e Aerosmith, ou seja, o rock não foi esquecido, mas precisou lidar com a frustração de não ser mais a galinha dos ovos de ouro do evento e aprender a dividir seu espaço com as novas vozes femininas que conquistaram o mercado de entretenimento.