Crônica da classe média carioca, fino comentário sobre as circunstâncias da mulher moderna ou mais uma comédia brasileira esforçada que resulta em muito pouco de produtivo. Há variadas abordagens possíveis a “Doidas e Santas”, novo filme de Paulo Thiago adaptado do livro de crônicas de Martha Medeiros e da peça escrita por Regiana Antonini, que colabora no roteiro da adaptação.
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O grande trunfo do filme é ter como protagonista a atriz Maria Paula . Mais lembrada por sua participação no humorístico “ Casseta & Planeta: Urgente ”, Maria Paula é muito boa atriz e com seu primeiro protagonismo no cinema ajuda a dar frescor a “ Doidas e Santas ”, que no limiar não apresenta nada de muito original ou inovador.
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Maria Paula é Beatriz, uma psicanalista na faixa dos 40 anos que é uma espécie de guru dos relacionamentos. Com três livros publicados e mais um a caminho, Beatriz tem uma epifania durante uma entrevista na TV quando perguntada a última vez em que deu uma gargalhada. É o gatilho para rever sua relação com o marido Orlando ( Marcelo Faria , no piloto automático), com a mãe modernosa ( Nicette Bruno ), tentar se aproximar da filha (Luana Maia), que tem dois namorados, e da irmã ecologista radical (Georgiana Góes).
Boa protagonista
Maria Paula convence sem grande esforço na pele de uma dondoca em crise existencial, mas é como mulher fragilizada que ela tem seus melhores momentos como atriz aqui. Cabe a ela, também, os melhores lampejos do filme de Paulo Thiago. É exclusiva e eventualmente com ela que “Doidas e Santas” tangencia o que a realização sonhou para o filme. Mesmo a piada mais óbvia ganha certo charme e convicção com Maria Paula.
Se “ Doidas e Santas ” ganha pontos é pela recusa a certas convenções quando da resolução dos conflitos propostos. O amadurecimento da protagonista parece mais factível do que em outros filmes do gênero, mas isso não apaga a direção excessivamente formulaica, o roteiro pedestre e a necessidade ininterrupta de condescendência por parte do público com os rumos da trama.
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