O israelense Oren Moverman é um dos cineastas mais interessantes que pairam sobre Hollywood atualmente. Um de seus primeiros trabalhos foi o roteiro do inventivo “Não Estou Lá”, biografia da obra de Bob Dylan . Seu primeiro filme como cineasta, “O Mensageiro”, um petardo de inimaginável força sobre o absurdo da guerra. Seu quarto longa-metragem, “O Jantar”, mantém em alta escala a criatividade de Moverman para abordar conflitos, mas mostra que ele não é infalível.

Richard Gere não agrada em
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Richard Gere não agrada em "O Jantar" que, apesar de bem intencionado, não convence

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 “ O Jantar ” marca sua segunda colaboração com Richard Gere . Ele faz Stan, um deputado federal que põe as tratativas para aprovação de uma importante lei, que deve alavancar de vez sua candidatura ao governo do estado, para ter um jantar com seu irmão, Paul (Steve Coogan). O filme se ocupa dessa refeição em um prestigiado restaurante e de flashbacks que visam elucidar a razão daquela tensa reunião.

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Stan e Paul tem franca resistência um ao outro. Algo que a segunda mulher de Stan (Rebecca Hall) tenta contornar. Já Claire ( Laura Linney ), mulher de Paul, parece confortável em meio a tanto atrito.

Moverman é feliz no desenho dos personagens, ao ensejar o que eles querem mostrar e o que querem esconder, mas erra ao relegar a tal razão do jantar para o clímax . Investe desajeitadamente na doença mental de Paul, algo que de maneira alguma interfere no comentário social que rascunha, e, sem compaixão por seus personagens, alinha um argumento de estranho conformismo em relação ao que, a priori, organiza como denúncia.

São fragilidades de um filme que mira na estrutura de filmes como “ Quem Tem Medo de Virginia Woolf? ” (1966) e “Deus da Carnificina” (2011), mas não consegue reproduzir os mesmos efeitos.

Esse viés determinista que impõe aos personagens só é problematizado pela inspirada performance de Coogan, que leva jeito para fazer um esnobe não assumido. Gere tem bons momentos, mas falha justamente em convencer a audiência no grande momento de seu personagem. “ O Jantar ”, tal qual seus personagens, apresenta-se com boas intenções, mas afunda-se em prepotência.

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