Não é possível classificar como ruim um disco que tem uma canção que dialoga espertamente com Tomorrow Never Knows
dos Beatles. Tomorrow Never Came
é tanto um tributo, como uma atualização da canção dos Fab Four, mas com o DNA de Lana Del Rey. “Lust for Life” não traz consigo o impacto de “Born to Die” (2012) e nem sequer almeja isso, mas é um produto pop mais inteligente e bem adornado do que “Ultraviolence” (2014) e “Honeymoon” (2015), seus trabalhos subsequentes.
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Essa solidificação de um pop lânguido e atemporal talvez pode ser vista logo de cara na romanticamente brega Love . Na boa parceria com The Weeknd , Lana Del Rey canta que o desejo pela vida nos mantém vivos (Lust for life keep us alive) e dá o tom de um disco que se abre para uma inesperada pluralidade. Há o viés filosófico de sempre, mas mais robusto e hipnótico, como atesta a excelente Beautiful People, Beautiful Problems , mas há uma bem-vinda acidez política sinalizada nas agudas God Bless America – And all the beautiful women in it e When The World Was at War We Kept Dancing .
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O disco apresenta uma Lana Del Rey mais conscienciosa do mundo a sua volta, mas a espiral depressiva da cantora está lá. Destituindo toda a ilusão ofertada pela maquina de sonhos do establishment americano. Há versos redentores como em Heroin (Life rocked me like Mötley) e Change (Maybe by the time this song is done/I´ll be able/to be honest, capable).
A experimentação sonora promovida pela cantora em seus discos tem sequência aqui. Há mais baladas de piano e os efeitos estão mais discretos do que em “Honeymoon”. É como se Lana Del Rey quisesse recrudescer em minimalismo. Fosse ou não a intenção, ela consegue.
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É um disco que não visa recordes, mas trata bem os fãs que caminharam com a cantora desde “Born to Die”. O pop barroco de Lana Del Rey segue altivo, voraz e ainda mais protagonista do que nunca em “ Lust for Life ”.