Matt Bomer é um executivo de estúdio na Hollywood dos anos 30 em The Last Tycoon
Divulgação
Matt Bomer é um executivo de estúdio na Hollywood dos anos 30 em The Last Tycoon

Muitas séries tentaram capturar o espólio de “Mad Men”, série sobre o boom da publicidade e sua influência na cultura americana ambientada a partir da década de 50 – “Halt and Catch a Fire”, “Masters of Sex”, “Pan Am” e “Manhattan” são alguns exemplos -, mas é “The Last Tycoon”, cujos dez episódios da primeira temporada são disponibilizados globalmente na Amazon Prime Video nesta sexta-feira (28), quem deve preencher a lacuna deixada pela criação de Matthew Weiner.

Leia também: Criativa e inteligente, "American Gods" é pop sem ser vulgar

Criada e dirigida por Billy Ray , dos filmes “O Preço de uma Verdade” (2003) e “Quebra de Confiança” (2007), a partir da obra de F.Scott Fitzgerald, “The Last Tycoon” tem um charme  a mais: ambienta-se na Hollywood da década de 30. Em plena era de ouro dos estúdios. Um convite, portanto, para além dos apreciadores das boas produções de época, para os cinéfilos também.

Leia também: Sexo, obsessão, feminismo e arte caminham juntos em “I Love Dick”

 Ray tem experiência em rimar ficção e realidade. É dele também o roteiro do aflitivo “Capitão Phillips” (2013) e esse know-how é muitíssimo bem vindo na série da Amazon que se passa durante a grande depressão americana e com os estúdios recebendo pressão da emergente Alemanha nazista por monitoramento e interferência no conteúdo produzido. Apesar do pano de fundo histórico e da produção com designer e direção de arte arrojados, “The Last Tycoon” é, em seu cerne, um drama romântico.

undefined
Divulgação

Lilly Collins é um brilho constante em The Last Tycoon

Matt Boomer (“White Collar”) é o executivo de studio Monroe Stahr e quando o flagramos ele tenta fazer um filme em homenagem a sua esposa, morta jovem, e que ainda é uma presença dominante em sua vida. Ele mesmo tem um problema congênito no coração, e as constantes desavenças com seu chefe, o dono do fictício estúdio Brady – American Studios, não ajuda em nada. De quebra, a filha do patrão, interpretada por Lilly Collins, está apaixonada por ele.

Além dos já citados, o elenco da série traz, ainda, Rosemarie DeWitt e o retorno do excepcional Kelsey Grammer, que já foi o maior salário da TV americana nos tempos de “Frasier” (1993-2004) e que estava afastado da TV desde “Boss” (2011-2012). Grammer faz o patrão de Stahr e há mais reminiscências na relação entre eles do que um primeiro olhar e a breve sinopse ofertada podem indicar.

Alternando essa espiral de novelão, mas sempre com um texto afiado, e essa veia de registro histórico com o bônus de brincar com as convenções do mundinho do cinema, “The Last Tycoon” se mantém interessante e altiva. Há bons filmes, com propostas e narrativas distintas, sobre o universo do cinema. “Mapa para as Estrelas” (2014), de David Cronenberg e “Ave, César” (2016), dos irmãos Coen, são exemplos recentes, mas faltava na TV – com o ritmo e possibilidades narrativas possíveis – uma proposta desse perfil.

Leia também: Nova aposta da Netflix, "Glow" atende demanda por mais empoderamento na TV

Série marca o retorno do excpecional Kelseu Grammer à TV
Divulgação
Série marca o retorno do excpecional Kelseu Grammer à TV

Há uma cena logo no piloto, um ótimo piloto por sinal, em que Stahr vai pela primeira vez ao confessionário. “Preciso parar de mentir padre”, exclama em um leve desespero. Alguém acabara de se matar e ele se sentia responsável. “É algo que você possa fazer?”, questiona o reverendo. “Não. Porque são com mentiras que os filmes são feitos e os filmes são tudo que eu tenho”. Momentos como esse, de tragédia contida, garantem a (boa) qualidade de “The Last Tycoon”.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!