Entre os dias 26 e 30 de julho, acontece em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, a  15ª Festa Literária Internacional de Paraty , a Flip. Para quem gosta do evento e de literatura, a edição conta com uma grande novidade: o número de escritoras mulheres neste ano é o maior de todos os anos da feira. Além disso, em 2017 a organização também vem investindo mais em autores negros.

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A chilena Diamela Eltit é uma das autoras na FLIP 2017
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A chilena Diamela Eltit é uma das autoras na FLIP 2017


Falando em números, a Flip  de 2017 vem com 17 autoras de um total de 46 autores. O número é grande e já há alguns anos vem crescendo. Além disso, esse ano a feira conta com uma curadora mulher, o que para Flávia Muniz , escritora e editora, pode ter sido um fator bem importante para esse crescimento. "Também tivemos muita reclamação no ano passado e eu acho que é uma conscientização de que a mulher precisa estar presente em todas as instâncias que promovem a leitura e que abrem espaço para a discussão de valores sociais e femininos".

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Em entrevista ao iG Gente , a curadora,  Joselia Aguiar , contou que tanto o fator das mulheres, quanto dos negros, eram importantes para ela e a ausência de ambos faziam parte de suas preocupações para o evento. "Estamos dando um primeiro passo", contou ela.

Empoderamento feminino

Com o empoderamente feminino agindo tão forte em vários aspectos da sociedade brasileira, fica a dúvida se esse aumento de escritoras também não pode ser um reflexo disso. De fato, Flávia acha que sim, mas não sabe até que ponto isso seja fruto de um trabalho de conscientização. Para ela, existem outros fatores, como a própria mídia do Brasil.

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"A mídia é um Deus e um Diabo: mostra o outro lado, a realidade e essa realidade faz as pessoas pensarem mais, ela também é divulgadora de violência, mas isso faz parte", comenta.

Para a escritora, o empoderamento feminino é resultado de um processo. "O empoderamento é resultado de um processo. Já houve empoderamentos anteriores, com todas as conquistas que a mulher conseguiu na sociedade e isso vem crescendo e vai se alastrando por outros setores".

Lima Barreto será o homenageado neste ano
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Lima Barreto será o homenageado neste ano


Ainda segundo ela, no Brasil, as mulheres ainda estão engatinhando em relação a direito da mulher, mas também estão  na frente de muitas outras que ainda são desrespeitadas. "É uma luta constante, mas a mulher sempre consegue as coisas em um segundo plano, uma segunda reflexão, não é na hora, é sempre no grito. Está difícil para todas nós".

Dívida?

Colocar uma grande quantidade de mulheres nas mesas da Flip é uma maneira de pagar uma "dívida"? Flávia não vê dessa forma. "Eu acho que toma-se consciência de um fato e tenta corrigi-lo. Isso é humano", conta ela, que vê esse aumento com bons olhos e espera uma boa repercussão.

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Machismo

O machismo está presente em nossas vidas e envolvido em vários aspectos, na literatura não é diferente. Sim, também existe machismo nela. "Existe sim, na escolha dos personagens, nas escritas com preconceitos. A sociedade breca quando tentam falar de terminados assuntos e as coisas ainda acontecem no grito e não de forma natural".

A FLIP acontece entre os dias 26 e 30 de julho
Divulgação
A FLIP acontece entre os dias 26 e 30 de julho


Futuras edições da FLIP

Com essa mudança considerável, o que esperar das futuras edições da Flip? Fávia Muniz fala em "culturas diversas das nossas". Para ela, o aumento das mulheres pode alterar a percepção dessa participação feminina, de olhar quantas coisas estamos deixando de considerar, experiências de vida, vozes femininas e tudo o que as envolve.

Para a curadora, fica da parte dela uma contribuição com a Flip. "Fico contente com um resultado que integre as pessoas. A humanidade não deseja ser racista, nem quer ser machista, mas muitas vezes acaba sendo", finaliza.

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