Nova série da Netflix , “Friends from College” é mais uma produção original da empresa que tenta fisgar um público mais afeito às sitcons. Depois de “The Ranch”, protagonizada por Ashton Kutcher, essa é a produção que mais se insere no tipo de humor que, ainda que menos em voga, responde por alguns dos maiores sucessos de audiência da história da TV americana.
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Criada por Francesca Delbanco e Nicollas Stoller, diretor do filme “Vizinhos” (2014), “Friends from College” se esforça para construir hype e soar moderninha. É um esforço legítimo, mas que eventualmente cria algum ruído já que a série também busca esse humor mais convencional e tradicional identificado na sitcom.
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Ao longo de oito episódios de trinta minutos, a primeira temporada do programa acompanha um grupo de amigos egressos de Harvard e que agora estão nos seus 40 anos. Os dissabores e picuinhas da convivência se acirram quando o casal vivido por Ethan (Keegan- Michael Key) e Lisa ( Cobie Smulders ) se mudam para Nova York. A mudança gera estremecimentos porque Ethan mantém um caso extraconjugal com Sam (Annie Parise), que reside na cidade e por quem foi apaixonado na faculdade.
Ethan é um escritor em crise criativa e com as demandas do mercado, enquanto Lisa é uma advogada que se ressente de trabalhar em uma corretora de fundos. Já Sam, está em negação com sua crise dos 40 e não sabe o que fazer com o amante se estabelecendo em sua rotina diária. Há ainda Max (Fred Savage), que tem uma queda por Ethan desde os tempos de faculdade e que agora é seu editor, Nick (Nat Faxon), que não precisa trabalhar por ser rico demais e gasta seu tempo em relacionamentos frívolos com pós-adolescentes, e Marianne (Jae Suh Park), que parece estar ali apenas para observar os dramas dos demais amigos.
Mais uma série rascunhada a partir do poderoso algoritmo da Netflix, “Friends from College” tenta fisgar o público órfão de “How I Met your Mother”, que sai da plataforma de streaming em breve, e para isso aposta, inclusive, na presença de Cobie. O resultado, no entanto, é controvertido.
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A série tem ótimas piadas, diálogos afiados e um humor físico que não costumamos a ver na TV. A química de Savage e Michael Key, que já havia aparecido em filmes menores e em séries como “Parks and Recreation”, é um ponto alto. Annie Parise responde pelos momentos mais inteligentes e potentes da série, que em sua segunda metade recebe uma bem elaborada melancolia.
Essa combinação demonstra que a ambição pode ser muito boa, mas apresentar resultados desestabilizados. “Friends from College” talvez seja plena no momento errado.