Por trás das câmeras do thriller que levou mais argentinos às salas de cinema este ano, “Neve Negra” , o diretor Martín Hodara construiu uma história de longa data com a obra. Depois de co-dirigir “O Sinal” (2007) com o ator argentino Ricardo Darín , o artista volta aos holofotes agora no comando de um sucesso de bilheteria. Sem ter criado muitas expectativas para a estreia do longa nas salas de cinema brasileiras - em cartaz desde quinta (8) - Hodara conversou com o iG para contar um pouco mais sobre o processo de elaboração do filme e como está se sentindo com a repercussão do longa.

Neve Negra é o novo longa dirigido por Martín Hodara
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Neve Negra é o novo longa dirigido por Martín Hodara


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“Foram seis anos”, revela o diretor de “ Neve Negra ”. Segundo ele, Ricardo Darín, que interpreta Salvador, amou a história desde o primeiro rascunho, mas o grande desafio veio mais tarde. “Nós começamos com a participação de Pablo Rossi que é o produtor argentino e que tentou conseguir o dinheiro e também fazer o encontro de Leo e Ricardo com a neve acontecer”, comenta. Além disso, nos bastidores algumas coisas foram mudando. Prestes a gravar, um dos produtores espanhóis saiu do projeto. "Foi muito doloroso”, confessa o diretor, que comenta ter passado os seis anos tentando captar recursos para filme.

O longa é uma co-produção com a Espanha, uma união recorrente do cinema argentino segundo Hodara, já que ambos países falam a mesma língua. “Mas de qualquer forma, nós mudamos nosso trabalho no script e acho que foi bom para nós. Tivemos todos esses anos processando o filme e eu vendo o filme na minha cabeça, mas no próximo longa eu não pretendo ficar seis anos produzindo”, brinca descontraído.

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Ricardo Darín e Leonardo Sbaraglia em cena

Depois de dividir o espaço de direção com Ricardo Darín, Martín Hodara neste novo projeto encarou o desafio de dirigir o ator no filme, mas, segundo ele, nada mudou nessa relação. Amigos de longa data, os profissionais do cinema já tinham trabalhos em conjunto antes e até mesmo se conectado por amigos em comum, como o diretor também argentino Fabian Bielinsky, que morreu em 2006 aos 47 anos de idade. “Nós sempre dissemos que a última coisa que nós precisávamos era sermos bons amigos com a morte de Fabian e ele nos fez bons amigos que somos agora”, comenta Hodara. “Ele é um bom amigo, um bom ator, sempre adiciona muito para o filme. Ele se concentra no script, na história, não só no seu personagem”, confessa. Entretanto, Martín Hodara ressalta que trabalhar com um dos mais importantes atores ibero-americanos pode ser assustador para alguns diretores, ainda que Darín seja um ator muito aberto no set de gravação. “Ele sempre dá sugestões, e se você pensa diferentemente dele, ele acaba fazendo aquilo de qualquer forma, então ele é muito fácil de trabalhar”, afirma.

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Culturalmente, as produções latino-americanas não ocupam tanto espaço no Brasil, seja no âmbito musical ou cinematográfico. Entretanto, o cinema argentino ganhou seu espaço de destaque no país, um cenário que nem mesmo Hodara consegue explicar. “Eu penso que quando você tem um bom filme, não importa o seu gênero, as pessoas gostam. Para mim os filmes argentinos são muito argentinos, mas talvez para outras pessoas seja universal, eu não sei”, reflete.

O maior filme do ano?

“Neve Negra” chegou a levar 680 mil argentinos para os cinemas no país durante este ano e, por isso, tem sido vendido como “o maior filme argentino do ano”. Entretanto, o slogan não agrada muito o diretor, que contesta o rótulo que foi atribuído ao seu trabalho. “É o maior a respeito de que? Por conta das pessoas que assistiram? É o melhor? Não sei, as pessoas têm que dizer”, questiona o diretor, que afirma reconhecer que durante este ano a argentina produziu outros filmes que merecem destaque por sua qualidade. “Eu nunca fui muito fã de rótulos em filmes, mas eu entendo que foi o filme que levou mais pessoas aos cinemas esse ano até agora, sim. É um sucesso? Sim, é um sucesso. Mas eu prefiro evitar esse rótulo”, confessa.

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