Ela já era feminista muito antes do feminismo ser moda e de se estruturar como conceito. Foi musa tropicalista nos anos 50 e referência em música de Caetano Veloso, de quem é amiga. Maria Moniz é, também, tema e figura central do documentário da filha Mônica Simões que entra em circuito nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife.

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Maria Moniz e Mônica Simões em cena de
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Maria Moniz e Mônica Simões em cena de "Um Casamento"

“Um Casamento” é um filme que exalta a memória e a imagem. A própria diretora, que se aceita como personagem no filme e nas lembranças da mãe, observa essa questão em mais de um momento: o apreço dela e de sua família pela imagem. É do exercício desse amor, em um plano livre e oxigenado, que o filme se desenvolve. A partir de um roteiro previamente concebido e recebido com muita generosidade por Maria Moniz que abre sua intimidade, as vezes com hesitação, mas frequentemente desejosa e empolgada.

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A premissa do filme é relativamente simples. Mônica incita sua mãe a rememorar as circunstâncias do casamento com seu pai. O próprio casamento foi um ato de rebeldia. Ruy Simões era uma homem 12 anos mais velho e a família de Maria era contrária à união. Mais à frente, ingressara na escola de teatro contra a vontade do marido. “Um Casamento” narra, sim, a trajetória daquela união, de suas reminiscências, mas fundamentalmente é um registro de uma mulher que batalhou a todo tempo, mesmo sem se dar conta disso, por uma liberdade que, às vezes sutilmente, outras expressamente, lhe era negada.

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Registro fotográfico do casamento de Ruy e Maria

Mônica repreende sua mãe no vídeo, atendendo uma demanda técnica, vez ou outra, mas a trata com extrema admiração e carinho enquanto personagem. É um filme afetuoso com Maria, mas que também busca uma legitimação de Mônica enquanto artista. Em uma época em que o espaço da mulher na arte é discutido com veemência, a fotógrafa, videomaker e artista plástica exalta o pioneirismo de sua família. É uma metalinguagem astuta e que eleva seu trabalho a outro patamar.

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Em última instância, Maria Moniz é uma personagem que facilita a identificação e é este o recurso definitivo de um documentário que objetiva um debate mais amplo a partir do olhar ensejado sobre o íntimo.

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