Quando a TV surgiu, o temor geral era que a nova tecnologia deixasse o rádio, o grande sucesso da época, obsleto. Hoje, com a popularização da internet e dos serviços de streaming como Netflix e YouTube, o grande medo é que as TVs sejam extintas. Mas, ao contrário do que muita gente imaginava, a rede fez com que as produções para TV fossem ainda mais vistas e que o rádio voltasse a fazer parte do dia a dia das pessoas, desta vez com os podcasts .
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O Personal On Demand Broadcasts, abreviado para podcast pelo jornalista da BBC Ben Hammersley, surgiu em 2004 e tem sua história ligada à popularização do iPod, da Apple. Hoje, 13 anos depois, a produção já está bastante diversificada e já não é dependente da empresa criada por Steve Jobs – apesar do iTunes ainda ser a maior plataforma de podcasts .
Entretanto, essa forma de consumo de conteúdo não foi sucesso logo de cara. "Quando começamos a trabalhar com podcast, as pessoas falavam que isso não ia para frente", lembrou Leandro Iamin , um dos sócios da Central3 , em entrevista ao iG . Hoje, a rádio fundada em 2013 é referência na produção de podcast no País e tem 22 programas em sua grade, entre eles atrações comandadas por Luiz Thunderbird e José Trajano .
Ouvintes conectados
A Central3 tem uma média de 100 mil downloads por semana e Iamin acredita que o público que consome os programas é nichado. "Acho que é um público de até 35 anos, porque 90% das pessoas ouvem pelo feed, o que não é algo muito fácil de ser feito. Meu pai não saberia mexer com isso", explicou.
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Thiago Borbolla , editor-chefe do Judão , corrobora com essa visão. "[O ouvinte] é aquela pessoa que conhece o mundo online além do Facebook, que usa o smartphone pra coisas além do Candy Crush e WhatsApp", disse o jornalista ao iG . Ele é o comandante do podcast Asterisco , uma das atrações da Central3.
Desafio comercial
Para ele, os podcasts estão ganhando mais atenção do público, mas isso ainda não está como o esperado. "Eu culpo um pouco a enorme maioria dos podcasts que existem por aí: um assunto, várias pessoas lendo estudando sobre aquilo, repetindo como se fosse a Wikipedia", explicou. "Costuma ser repetitivo demais e, eu diria, até mesmo sem ambição de ir atrás de coisas novas, vozes novas, ideias novas."
Enquanto o público está cada vez mais voltando sua atenção para o podcast, as marcas e patrocinadores não estão acompanhando o movimento. Apesar dos bons números, a Central3 enfrenta um grande problema para atrair capital por não ter dados detalhados sobre a forma de consumo de seus produtos. "Quando o cara baixa o arquivo no computador dele, não tem como saber se ele ouviu, o quanto ouviu ou as partes que ele pulou. Isso é um desafio comercial", explicou Leandro Iamin. Ele acredita que isso só vai mudar quando as empresas entenderem como funciona o podcast.
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A comparação com o YouTube, que hoje é um dos negócios mais rentáveis da internet, é inevitável, mas Borbs acredita que este não é o caminho. "Eu não sei se algum dia vai ser tão popular e rentável [quanto o YouTube], mas eu também não sei até que ponto isso é necessário. O que a gente precisa pensar é em como fazer a internet brasileira e seus conteúdos serem tão populares e rentáveis quanto a TV, especialmente além dos grandes portais. O problema é mais estrutural, na real", disse o jornalista.
Para que os podcasts virem algo ainda maior do que já são, o mercado precisa entender como que a mídia e seus consumidores se comportam. Na Central3, o futuro vai mais pelo caminho da afirmação do que pelo do crescimento. "A gente está operando quase no limite, agora é um momento de manutenção", definiu Leandro Iamin. Para Thiago Borbolla, um outro fenômeno da internet pode ajudar. "Talvez, se as grandes empresas de mídia se dedicarem um pouco mais a eles como se dedicaram aos blogs lá atrás e se dedicam aos vídeos hoje em dia, ajude."