Todo mundo já esperava que “La La Land: Cantando Estações” fosse ser o filme com o maior número de indicações ao Oscar 2017 . Alguns, no entanto, se surpreenderam com as 14 nomeações recebidas pelo filme de Damien Chazelle ; que o coloca no mesmo panteão de “Titanic” (1997) e “A Malvada” (1950) como os filmes recordistas de indicações junto à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

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Ryan Gosling e Emma Stone foram indicados ao Oscar por La La Land, que já está em cartaz nos cinemas brasileiros
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Ryan Gosling e Emma Stone foram indicados ao Oscar por La La Land, que já está em cartaz nos cinemas brasileiros

Antes mesmo de receber todo esse carinho da Academia e da confirmação de que é, de fato, o favorito ao Oscar 2017, “La La Land” já era alvo de uma campanha de difamação desonesta e francamente inquietante. É preciso pensar que o Oscar é uma corrida eleitoral. Estúdios, atores e filmes fazem campanha primeiramente por uma vaga entre os finalistas e, em um segundo momento, pelo prêmio.  O musical estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone já era percebido como favorito há algum tempo e as campanhas dos outros filmes passaram a elaborar formas de enfraquecer esse favoritismo.

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A primeira ideia ventilada e prontamente acampada por aqueles setores mais polêmicos e reacionários das redes sociais é de que o filme seria racista. Tudo porque Sebastian, personagem defendido por Ryan Gosling, é um pianista branco apaixonado por jazz que se incumbe de fazer o possível para salvar o moribundo gênero musical, tradicionalmente identificado como um gênero de música negra. Dessa maneira, segundo esse raciocínio torpe, o filme sugere que um negro está sempre dependendo do socorro de um branco, um conceito infelizmente comum e subliminar em alguns filmes americanos entre os anos 40 e 80, mas que realmente inexiste em “La La Land”. A tentativa de rotular o filme como racista é tão sórdida e baixa que só parece possível nessa era em que todos têm algo a dizer sobre alguma coisa e que, com o perdão do trocadilho, tudo tem que ser preto no branco.

Vídeo mostra todas as referências do musical


Outra acusação circulada sobre o filme é de que ele seria machista por frisar, e o termo “frisar” é imposição da acusação não da construção desse texto, o quão importante o homem, no caso novamente Sebastian, é para a realização profissional da mulher, no caso a aspirante a atriz Mia, vivida por Emma Stone.

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Emma Stone canta e encanta em La La Land

Há um momento no filme, e talvez agora a palavra spoiler deva aparecer para que o autor do texto não seja alvo da fúria alheia, em que Mia parece ter desistido do sonho de ser atriz. Uma peça que montou teve uma péssima noite de abertura e sua relação com Sebastian parece caminhar para seu fim. Ciente do sonho da amada e de que se não insistir com ela, Mia talvez deixe escapar um teste para um papel que pode redefinir sua carreira, o moço se lança ao desafio de convencê-la a agarrar essa chance. Ver machismo aí é ignorar os demais aspectos da situação, como a relação fraturada dos dois e de como ela é fator fundamental tanto na postura de Mia como na de Sebastian. E ignorar, ainda, que quem faria o teste, no final das contas, seria Mia.

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“La La Land” é um filme sobre sonhadores, sobre Hollywood, sobre paixões platônicas e amores não vividos. Não há qualquer traço de racismo e machismo no filme. Uma acusação que poderia ser feita ao filme é de ser ingênuo. Ainda que sem fundamento, essa acusação mereceria consideração em face do pessimismo e mau humor que parecem tomar conta até mesmo no debate sobre cinema.

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