Foi William Friedkin, diretor de obras-primas como “O Exorcista”, “Operação França” e “Killer Joe” quem disse que Damien Chazelle , diretor do sensacional “Whiplash: Em Busca da Perfeição” era o capitão do futuro do cinema americano. Quem achou que “Whiplash” era sorte de principiante, talvez fique desorientado depois de assistir “La La Land: Cantando Estações”, grande vencedor do Globo de Ouro no último domingo com sete prêmios.
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A festa em torno do filme é justificável. “La La Land: Cantando Estações” é o tipo raro de filme que combina nostalgia e esperança com afeto, brilho e beleza. Da direção enérgica às ótimas referências cinematográficas, passando pelas atuações carismáticas, a fita que presta uma homenagem ao cinema, mas também ao espírito da cidade de Los Angeles, é um filme para todo o sempre.
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O encontro entre dois sonhadores de perfis muito diferentes promovido por Chazelle pode até ser reconhecível para quem tem boa cultura cinematográfica, mas o cineasta, que também assina o esperto roteiro, faz dessa circunstância uma aliada. Mia (Emma Stone) é uma aspirante a atriz que trabalha como barista em um café em um estúdio de cinema. Com uma sequência de testes fracassados, esse trabalho é o mais perto que Mia chegou de seu sonho: ser atriz.
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Já Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista genioso, e possivelmente genial. Enamorado do jazz, se ressente da morte lenta que acomete o gênero enquanto diariamente senta-se do lado de fora de um clube de samba e tapas, que já sediara um espaço de jazz, para abastecer seu sonho de ter seu próprio clube destinado a manter o jazz vivo. A química de Stone e Gosling, que já tinham trabalhado juntos em “Amor a Toda Prova” e “Caça aos Gângsteres” é das coisas mais flamejantes que o cinema proporciona desde Patrick Swayze e Demi Moore em “Ghost – Do Outro Lado da Vida” e Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em “Casablanca”. Este último não à toa citado e referenciado de tantas maneiras diferentes ao longo do filme.
Chazelle filma como um apaixonado pelo cinema e faz com que “La La Land” seja apaixonante. É compreensível a reação que as pessoas têm ao filme. O desfecho agridoce, pé no chão, o coloca no patamar dos grandes romances que o cinema já concebeu, mas este também é um musical e há grandes cenas que vão deixar um sorriso largo nos fãs do gênero. Essa multiplicidade de filmes em uma mesma produção atesta o dínamo que é o cinema de Chazelle, que aos 31 anos ruma para a consagração no Oscar.
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A exuberância técnica do filme o precede. Desnecessário agravá-la na esteira de tantos prêmios – o Bafta lhe deu 11 indicações nesta manhã –, mas uma menção especial à comunhão do par de protagonistas com Chazelle se faz necessária. Gosling, Emma e o próprio diretor falam a respeito no vídeo exclusivo do iG que pode ser conferido abaixo.
Com pré-estreias pagas a partir desta quinta-feira (12) em todo o país, “La La Land: Cantando Estações” é um filme que certamente ocupará um espaço nobre na memória do cinema. Nada mais justo do que se deixar cativar por um filme que parece ter tudo no lugar certo. Não à toa, fez história no último domingo (8) como o filme mais premiado em 74 anos de Globo de Ouro.