Gianni Versace , designer de moda italiano e fundador da marca Versace, avaliada em $ 1,83 bilhões de euros em 2018, foi assassinado em 1997 com dois tiros na nuca. Nem teve tempo de reagir. Na época, tinha 50 anos e aproveitava o verão em Miami Beach, na Flórida (EUA). Segundo os investigadores criminais, o assassino de Versace, o garoto de programa Andrew Cunanan, era obcecado por fama, dinheiro e agia de forma cruel e premeditada.
Cunanan, de 27 anos, era simpático, inteligente (seu QI era 147), bem educado e tinha como clientes homens ricos e geralmente mais velhos. Antes de matar Versace, cometeu ainda vários assassinatos em série e teria se envolvido com tráfico de drogas e pequenos delitos.
Vivia perigosamente
A fama de Cunanan era de um contador de histórias fantasiosas e de autopromoção. Aprendeu com o pai, um criminoso foragido. Expulso de casa aos 19 anos por sua mãe, ele então se mudou para São Francisco, cidade famosa por ser pró-LGBT+, e para sobreviver começou a se relacionar com homens mais velhos e ricaços que conhecia em boates, bares e saunas.
Virou michê. Segundo a revista americana Vanity Fair, em 1990 teria conhecido ainda em uma discoteca Gianni Versace, que estava em viagem profissional por São Francisco. A família Versace, porém, sempre negou qualquer envolvimento entre os dois, ainda mais porque há relatos de que Cunanan traficava cocaína, metanfetamina e maconha e praticado furtos.
Nos anos seguintes, o jovem se meteu em intrigas, sacaneou pessoas, sofreu desilusões e adquiriu outros vícios, como por analgésicos e bebidas. Sua vida piorou para valer depois que ele começou a surtar. Há relatos de que suspeitava ter contraído HIV de algum conhecido ou que seu melhor amigo e suposto ex-namorado estaria de caso com um cara por quem era apaixonado. O amigo era Jeff Trail, ex-oficial da Marinha, e o “bofe” o arquiteto David Madson.
Psicopata assumido
Por ciúmes ou vingança por acreditar estar doente fez de Trail, de 28 anos, e Madson, de 33 anos, suas primeiras vítimas. Em 1997, o michê armou uma emboscada para os dois. Após ter convidado Trail para que se encontrassem no apartamento de Madson, que estava ausente, o assassinou com mais de 25 golpes de martelo na cabeça. Ao descobrir o que Cunanan havia feito, Madson ficou em choque e por medo do que poderia acontecer fugiu de carro com ele.
No caminho, Cunanan resolveu matá-lo. Madson levou vários tiros pelas costas e na cabeça e foi abandonado na estrada, à beira de um lago. O assassino então viajou em direção a Chicago e encontrou um suposto ex-cliente, o milionário Lee Miglin, de 72 anos. Sozinho em casa, Miglin foi rendido, amordaçado, torturado e morto com golpes de chave de fenda. Cunanan ainda o decapitou com uma serra de jardinagem e levou alguns de seus pertences valiosos.
Depois de roubar o carro de Miglin, Cunanan viajou até Nova Jersey para se esconder da polícia e trocar novamente de veículo. Por lá, decidiu executar seus dois planos dentro de um cemitério, mas foi flagrado pelo zelador William Reese, que acabou morto com um tiro no meio da testa. Depois disso, Cunanan tomou sua caminhonete vermelha e seguiu em direção à Flórida, onde se escondeu por dois meses até fazer sua vítima final e mais conhecida.
Na mira da morte
Versace era um estilista famoso, admirado e em alta. Vivia entre gente como a princesa Diana e os cantores Madonna, Elton John e Cher. Em 1997, ano em que foi assassinado por Cunanan, estava envolvido em um projeto com Michael Jackson. Foi ele quem criou a emblemática roupa dourada que Jackson usou em sua terceira e última turnê solo: “History World Tour”.
No dia 15 de julho, Versace havia feito sua caminhada matinal pela orla de Miami Beach e, ao chegar em sua mansão e parar em frente às escadarias dela, foi morto a queima-roupa por Cunanan, que o surpreendeu por trás com uma arma. O psicopata então fugiu e permaneceu oculto por mais oito dias, quando foi encontrado pelo FBI após uma denúncia anônima. Havia se suicidado com um tiro dentro de uma casa-barco, ali mesmo, na região de Miami.
Perto do seu corpo foram encontrados recortes de jornal que colecionava sobre seus crimes. Não deixou carta de despedida, nenhuma informação sobre o motivo de ter cometido os assassinatos e, após passar por uma autopsia, foi atestado estar saudável em vida. Não havia adoecido como supunha. Sua história inspirou filmes, documentários e recentemente a segunda temporada “The Assassination of Gianni Versace”, da série “American Crime Story”, lançada na Netflix em 2019 e com participação do cantor Rick Martin e da atriz Penélope Cruz.
Fontes: Sites The New York Times, Chicago Tribune, Deadline.com, Entertainment Weekly, Harpers Bazaar, Vanity Fair; livro “Favores Vulgares - A história real do homem que matou Gianni”, de Maureen Orth; e série de TV “American Crime Story”, da FX e na Netflix.