
Acompanhando o show de Chico Buarque no último sábado (11) na excelente casa Tokio Marine Hall , na zona sul de São Paulo , um pensamento imediato me evio a cabeça: como este lendário cantor e compositor e um dos grandes nomes da história da nossa música se torna cada vez mais necessário para os nossos palcos em meio às suas raras turnês, como esta, onde ele divide o espetáculo com Mônica Salmaso , premiada cantora e dona de uma voz inconfundível, que brilha incólume pelo tempo.
Salmaso entrou em cena apresentando a faixa Todos Juntos , que encontra o clássico Paratodos , títulos de significado social tão profundo, mas antes ela prossegue a estrada de seu repertório com as canções Mar e Lua, Passaredo, Bom Tempo e Beatriz .
É justamente em Paratodos , faixa que intitula o clássico álbum de 1993, que Salmaso recebe Chico Buarque , sendo prontamente ovacionado pela platéia presente na casa de shows paulistana.
A química perfeita entre as vozes de Salmaso e Buarque é notável na colaborações dos artistas em Sinhá, Sem Fantasia, Biscate e Imagina .
Chico é só música até mais da metade de seu show, com pouca interação, acontecendo apenas pelo seu semblante - suficiente para ativar os ânimos dos fãs mais exaltados no local, que expressavam sua alegria em ver o cantor, compositor, dramaturgo, escritor e ator brasileiro, gritando seu nome, erguendo um de seus discos de vinil e até manifestando seu amor pelo artista com um ousado "eu te amo!".

É claro que houve espaço para algumas indiretas de cunho político, assim como Chico fazia nos anos 1960 e 1970 para que suas poesias driblassem o rigor da ditadura que assolava o país naquela época. Ainda que os tempos sejam outros, o contexto político ganhou mais palanque nos últimos anos e a habilidade do cantor nunca envelheceu. O público reagiu em sintonia com o cantor.
Mônica Salmaso foi muito aplaudida pela plateia do Tokio Marine Hall, em todas as suas exibições solo naquela noite de sábado e deixou um claro sentimento de que a sua parceria com Chico Buarque merece continuar.
Samba, carnaval, lirismo, elegância musical - tudo teve seu espaço na voz de Chico Buarque
e a quantidade de jovens fãs do icônico compositor de 78 anos
, entusiasmados com a rara apresentação do seu ídolo, vão continuar perpetuando a
obra daquele que, cada vez mais, deixa a bossa ser nova.
Evoé, jovens à vista.