Marcelo Bandeira
Exclusivo

Diretor de "Rensga Hits", Leandro Neri bate um papo exclusivo com o iG

À frente da obra, que já ganhou o coração dos telespectadores, o carioca de 51 anos revisitou sua trajetória e falou sobre vida, trabalho, filha e novos planos

Foto: Divulgação
Leandro Neri

Responsável pela direção-geral de "Rensga Hits!", que estreou no Globoplay no dia 4 de agosto com um elenco poderoso, que inclui Alice Wegmann, Fabiana Karla, Lorena Comparato e Deborah Secco, Leandro Neri está sorrindo à toa! Um dos motivos é a celebração dos seus 35 anos de carreira atrás das câmeras.

Em uma conversa intimista com o site, ele destacou a boa repercussão da série que retrata o universo "feminejo" e relembrou o período em que atuou como assistente de direção em "Vamp" e, principalmente, de quando foi promovido a diretor com a estreia de "Malhação". 

De lá pra cá, o profissional não parou mais e vem colecionando projetos de  sucesso como "BBB1" e "BBB6", "Caldeirão do Huck", "Mais Você", "Sandy e Junior", além das novelas "A Lua me Disse","A Padroeira" e "Laços de Família", tudo na Globo.

Sob seu comando ainda tem o programa "Xuxa Meneghel" e a trama bíblica "Apocalipse", na RecordTV, o longa-metragem "Socorro, Virei Uma Garota!", de 2019, e o filme "Carnaval", lançado em 2021, no catálogo da gigante do streaming Netflix. Confira os melhores momentos na íntegra!

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1. Como tem sido coroar 35 anos de carreira com o sucesso retumbante de "Rensga"?

É verdade. Já fiz muita coisa, novelas nos três horários, realities, programas de auditório gravados e ao vivo, transmissão de shows, entregas de prêmios, sorteio para Copa, filmes, séries...

2. O que ainda pretende fazer profissionalmente?

Não diria que falta alguma coisa a ser feita, mas novos desafios surgem, e sempre haverá algo de novo e diferente a ser realizado. Mas, antes de mais nada, quero poder seguir trabalhando, dando meu melhor e pensando em quem vai assistir. 

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Leandro Neri

3. Quais os maiores desafios enfrentados ao dirigir a série do Globoplay?

Creio que o maior deles foram os prazos curtos que tivemos. Só fui conhecer pessoalmente muita gente da equipe dez dias antes de se iniciarem as gravações, já em Goiânia. Não havia margem para decisões erradas em nenhum momento do processo.

Tivemos noventa dias entre diárias de filmagem propriamente ditas e folgas. Pode parecer muito tempo, mas não me lembro de alguma vez ter terminado antes do último minuto do horário de equipe disponível no set. Nesse período de produção, passamos a contar com os inevitáveis e normais "desvios de percurso" como chuva, barulhos que acabam condenando a cena e coisas rotineiras e cotidianas.

4. Vocês passaram meses em Goiânia para gravar a série. Acha que essa vivência contribuiu para o resultado do projeto?

Sem dúvida, filmar fora da sua cidade obriga praticamente todos a morar num hotel. Seus "vizinhos" se tornam seus companheiros de trabalho, e enxergo isso de forma muito saudável tanto para a equipe, que, além do set, passa a dividir também a convivência diária, quanto para o elenco, que aproveitava a rotina para treinar a prosódia com motoristas de táxi e se conhecer melhor, chegando até a viajar juntos durante as folgas.

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Leandro Neri

5. Você surge no primeiro episódio da série como um dos clientes do bar onde Raíssa Medeiros, vivida por Alice Wegmann, se apresenta. Conte um pouco sobre isso.

Quando tinha 13/14 anos, fui ator e não deixo de fazer minha aparição Hitchcock (risos). Em "Socorro, Virei Uma Garota!", eu me revelei na saída de uma loja enquanto a impagável Thati Lopes quebrava meio mundo de rir. Foi na última diária de filmagem.  

Em "Carnaval", deixei minha participação para a parte final e, como terminamos o filme na retomada após a pandemia, acabei não fazendo por questões de logística.

Mas, em "Rensga", filmado ano passado, as restrições já eram mais brandas, e sabíamos que teríamos poucos figurantes. Por isso, a equipe já estava pré-avisada de que poderia ser solicitada a aparecer também. Era o início das gravações, e só quis dar o exemplo (risos).

6. Você dirigiu "Carnaval", que foi lançado pela Netflix. Como avalia essa abertura de mercado para novas produções fora das telinhas?

Creio que o streaming é o futuro do audiovisual. Hoje em dia, as pessoas pretendem ver o que elas desejam, na hora em que querem e do jeito que quiserem. Qualquer modelo mais engessado quanto a horários e número de breaks está fadado ao fracasso. O espectador quer ter literalmente o controle sobre a maneira de assistir. 

Acho que a TV aberta vai primar cada vez mais pela programação ao vivo e jornalística, transmissões de esportes, pois até a novela que é exibida hoje, muitas vezes, é preferencialmente assistida pelo público no streaming pela comodidade.

7. E como é dirigir um projeto criado justamente por você, como foi "Carnaval" e o filme "Socorro, Virei Uma Garota!"?

Encabeçar algo que saiu da própria mente é um movimento libertador. Presenciar os personagens criados ganhando vida e ter a chance de ver tudo nascer, registrá-los, contemplar suas ações e situações acontecendo é algo que beira um sonho e torna todo o meu trabalho muito fluido, natural, sem maiores surpresas ou dilemas. 

É difícil explicar, pois aquilo que se desenvolve ali na sua frente naquele momento já está vivo dentro de si já há algum tempo. Fazer isso é definitivamente minha melhor e mais completa versão como diretor.

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Thati Lopes, que ficou conhecida pelo canal Porta dos Fundos, encabeça o elenco de 'Socorro, Virei Uma Garota!'

8. Podemos dizer que a maioria dos seus trabalhos são cômicos. É uma opção? E como é lidar com esse estilo?

A predominância do humor no que faço tem mais a ver com o mercado do que com uma escolha pessoal. No Brasil, já há alguns anos, a área cinematográfica tem sido sustentada pelas comédias. Os maiores blockbusters vêm desse segmento. Ele emplaca grandes  nomes do nosso cinema atual como Leandro Hassum, Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães, que viraram sinônimo de bilheterias bem-sucedidas. Dessa forma, seria natural que, saindo da Globo depois de quase três décadas e procurando me inserir num novo setor, eu acabasse indo ao encontro do que faz rir. 

"Rensga" apresenta um pouco de outros lados meus como diretor que em nada tem a ver com humor. Temos na série assuntos extremamente delicados, existe uma área mais dramática dentro do enredo, que me possibilitou mostrar um lado meu mais delicado na condução da história e dos atores. Fico feliz por essa oportunidade, pois hoje me sinto um profissional completo, pronto para quaisquer desafios que possam surgir, independentemente do gênero.

9. Você tem uma filha, Nina. Ela já demonstra interesse pelas artes? Como vai reagir caso queira seguir seus passos?

Nina é minha maior fonte inspiradora! Frequenta meus sets desde muito nova, mas deixo claro que o desejo de aparecer foi dela. Ainda bebezinha, me perguntou como fazia para estar nos comerciais. Expliquei a ela que mais legal que integrá-los é participar do programa onde eles passam. Em "Socorro, Virei Uma Garota!", Nina surge pulando amarelinha. Tinha quatro anos e pouco e amou a experiência. 

Em 2019, quando estava fora do Brasil, recebi um telefonema da mãe dela dizendo que a Nina tinha sido selecionada para um projeto na Netflix. Me ofereci para ensaiá-la por vídeo mesmo, não quis. Fez o teste e passou. Foi a sobrinha do Leandro Hassum em "Tudo Bem No Natal Que Vem". Conseguiu por mérito próprio. Filmou por dez diárias, tinha texto, e foi um momento enriquecedor. Se assistir dublada em cinco idiomas lhe deu uma visão mais ampla do mundo e do que ela tinha participado.

Darei sempre apoio ao que decidir fazer. Se estiver feliz, também estarei.

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Nina Neri e Leandro Neri

10. Já tem novos projetos a caminho?

O futuro é uma grande incógnita. Não tenho nada certo ainda. Leio algumas coisas, escrevo outras, mas sigo aberto a propostas! Se houver uma boa história a ser contada sem um diretor para isso, estou na área!