Marcelo Trindade (à esq.) foi avaliado como negligente nas denúncias de Elian Matte (centro) contra Márcio Santos (à dir.)
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Marcelo Trindade (à esq.) foi avaliado como negligente nas denúncias de Elian Matte (centro) contra Márcio Santos (à dir.)


A Record optou por demitir o diretor Marcelo Trindade nessa segunda-feira (22) após a alta cúpula identificar que ele agiu com negligência no escândalo de assédio sexual praticado por Márcio Santos, ex-diretor de Recursos Humanos da emissora, contra o jornalista Elian Matte.


O executivo havia sido promovido em janeiro de 2022, quando a Record fez uma intensa dança das cadeiras entre seus chefões. Trindade passou a responder pela diretoria de Planejamento e Produção Executiva de Jornalismo. Entre suas incumbências estavam a gestão orçamentária, o planejamento de novos projetos e também o atendimento aos profissionais do setor, com suas demandas profissionais e até mesmo pessoais.

E foi no último quesito que seus superiores avaliaram que ele falhou. Trindade foi um dos diretores a quem Elian Matte recorreu quando decidiu denunciar os constantes assédios sexuais que vinha sofrendo de Santos --demitido oficialmente há menos de um mês. E na reunião que teve com o executivo, em 3 de julho de 2023, a vítima se sentiu intimidada.

De acordo com a reportagem da revista Piauí, que fez um dossiê detalhado do caso, Trindade e outros dois executivos teriam desencorajado Elian a seguir com a denúncia de assédio sexual, tanto que ele deixou a sala de seu antigo chefe desconversando sobre o assunto e sem saber como agir.


Fato que é que o jornalista, que integrava a equipe de Roberto Cabrini, não se deixou abater pela hostilidade da reunião realizada na sala de Trindade e levou o caso adiante e tentou contato com ninguém menos que Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da Record. Daí em diante, a situação degringolou de vez e virou caso de polícia, com a vítima registrando um Boletim de Ocorrência. Santos foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo.

O escândalo foi exposto em 24 de novembro, e somente em 12 de abril deste ano a Record optou por demiti-lo. Ao longo de quase seis meses, ele foi afastado de suas funções, recebendo seu salário, mas só há 11 dias o vínculo foi rompido.

E Trindade entrou no pacote. Fontes da coluna relataram que sua omissão na mediação deste escândalo acarretou na exposição do caso, e manchando a honra do departamento de Jornalismo da emissora.

Marcelo Trindade foi comunicado de sua demissão na tarde de segunda-feira, e teve sua saída das dependências da emissora, em São Paulo, escoltada por um dos advogados da empresa.

A Record confirmou à coluna a demissão de Marcelo Trindade, mas não deu mais detalhes, alegando que não comenta as decisões tomadas pelo corpo diretivo da emissora.

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