Eric Surita brinca que enterrou a TV Globinho após marcar uma geração sendo apresentador da atração infantojuvenil da Globo ao lado de Letícia Navas, entre 2011 e 2012. Isso porque hoje com 31 anos, ele segue uma profissão totalmente diferente e está há quase uma década longe da televisão. "Tenho essa lembrança nostálgica de ter sido o último apresentador", lembrou ele, que comandou a última edição do programa, em entrevista ao O Globo.
"Acabei caindo meio de paraquedas no mundo artístico. Sinto que nunca tive uma grande paixão. Foi uma coisa que acabou acontecendo naturalmente. Hoje me encontro muito mais na área comercial, à frente de negócios. A vida vai mudando muito. Sou um cara muito pé no chão, e o artista acaba tendo que ter a resiliência de saber lidar com altos e baixo. Não consegui lidar. Fui descobrindo isso e tomei essa decisão. Mas não foi nada do dia para a noite", disse Surita, que também fez a novela Chiquititas, do SBT, seu último trabalho na TV.
Eric estudou Administração e hoje trabalha na área comercial de uma agência de publicidade em São Paulo. Ele ainda faz trabalhos pontuais como apresentador e locutor na Jovem Pan, rádio onde trabalha o seu pai, Emílio Surita. E conta se voltaria para a TV:
"Ainda estou muito dentro desse mundo, apesar de tudo. Estou sempre nas emissoras. Saí do meio, mas o meio não saiu de mim. Eu faria com certeza algum trabalho como apresentador na TV, mas novela eu não tenho mais interesse. Tenho boas lembranças da época, mas sei que meu caminho é outro", afirmou.
Surita diz manter uma boa relação com o pai, mesmo após ter declarado num podcast, em 2020, que foi expulso de casa após se assumir bissexual. "Sou um admirador, fã número um dele, tanto da pessoa quanto da pessoa pública. Ele sempre me alertou bastante sobre a carreira artística, ele sabe o quão árduo é o caminho", contou.
Eric afirma que hoje agiria diferente ao expor sua vida pessoal: "Aquilo tomou uma proporção muito grande na época e me fez repensar se vale ficar expondo as coisas. Hoje penso que minha sexualidade e minhas coisas não dizem respeito a ninguém além de mim e das pessoas com quem me relaciono", começou.
E diz que puxou do pai a discrição: "Meu pai também é reservado na vida pessoal, ele sabe muito bem distinguir o que é off e o que é on. Acho que a minha geração, por ter sido inserida neste contexto em que está 24 horas online, perdeu um pouco do senso do que é privado ou não. E a privacidade tem um valor alto na minha vida. Tanto é que não gosto de me relacionar com pessoas que sejam muito expostas. Porque acho que isso acaba acarretando problemas psicológicos grandes. Hoje valorizo ficar pelas sombras", encerrou.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho