O ator Eduardo Silva, que interpretou o personagem Bongô em Castelo Rá-Tim-Bum, relembrou o início de sua carreira e internações por conta da dependência alcoólica. "Sou dependente alcoólico. Sou alcoólico. Não posso beber uma dose hoje porque, se eu tomar uma dose hoje, na semana que vem estarei tomando um litro", revelou.
Ao programa Persona, da TV Cultura, o diretor contou que iniciou sua carreira ainda na pré-adolescência e detalhou o processo de entrar nas telinhas: "Estava voltando da feira no Largo do Arouche e vi o Antonio Fonzar, ator que estava fazendo sucesso com Silvio Santos. Disse a ele que também queria ser artista e ele me deu um cartão, pediu para que minha mãe telefonasse. Tempos depois, me chamaram. Fiz teste na TVS, o antigo SBT, e estreei na novela Solar Paraíso".
Em relação à dependência alcoólica, Eduardo foi muito franco sobre seu problema. "Sou dependente alcoólico. Sou alcoólico. Não posso beber uma dose hoje porque, se eu tomar uma dose hoje, na semana que vem estarei tomando um litro. Tive algumas internações por causa dessa dependência", explicou.
"É difícil você assumir que você é alcoólico. Depois da primeira internação, achei que fosse conseguir beber apenas socialmente, mas não é assim. É genético e 10% da população do mundo tem pré-disposição a ter essa doença", afirmou. "Como eu fico sem beber em uma sociedade que é regada à bebida? Até em festa de criança tem bebida. Tem gente que começa a beber e para, mas tem gente que não para", completou.
Além disso, o preparador de elenco disse que seu vício o prejudicou: "Muito. Profissionalmente e em relacionamentos. Em dezembro (de 2022), completei 10 anos sem beber".
O período em que esteve no Castelo Rá-Tim-Bum foi muito especial para o ator. "O curioso é que fiz o Raio Negro, um vilão na novela Éramos Seis, do SBT, no mesmo ano em que lançamos o Castelo Rá-Tim-Bum. Quando as crianças vinham falar comigo, era por causa do Bongô. Quando eram as senhoras, a abordagem se dava pela novela", disse.
"O Bongô seria empregado no Castelo, mas a TV Cultura sempre foi muito preocupada com o politicamente correto. 'Pô, empregado, não. Não vamos pegar um preto para fazer empregado. É racismo'. E eu: 'Ah, então vamos colocá-lo como filho do dono da pizzaria'. Também não quiseram porque preto não tem pizzaria. Enfim, lembro que estava todo feliz, tinha passado no teste, ia trabalhar na TV Cultura. Aí, resolveram fazer mais testes de maquiagem e me tornei o entregador de pizzas do Castelo. E foi o personagem que mais me trouxe projeção no audiovisual", falou.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko