Klara Castanho em participação no Altas Horas
Reprodução/Globo
Klara Castanho em participação no Altas Horas


Após ter sido exposta em junho do ano passado por Antonia Fontenelle, Klara Castanho falou na televisão pela primeira vez sobre entregue uma criança resultante de um estupro à adoção. Ela deu um depoimento emocionante no Altas Horas, que foi ao ar na noite do último sábado (4), e o trecho viralizou nas redes.


"Eu fui forçada a trazer a público a coisa mais difícil da minha vida. Eu nunca imaginei que eu teria que falar e lidar com isso, além das pessoas que involuntariamente foram incluídas na história... que foram a minha família. É, eu tenho muita sorte de ter recebido muito acolhimento. As pessoas foram muito gentis comigo", começou ela.

Em seguida, Klara admitiu ter uma rede de apoio que a ajudou a passar pelo momento difícil. "Uma equipe maravilhosa que me acolheu, me defendeu e defende. Eu recebo mensagens de muito carinho, por mais que as pessoas não entendam. Elas escolheram respeitar a minha decisão [de colocar a criança para adoção]", acrescentou.

Por fim, a artista crê que na Justiça para que os responsáveis sejam condenados por seus atos, como a influencer Antonia Fontenelle por ter começado o burburinho do caso nas redes sociais e alguns membros do hospital em que a atriz deu à luz a criança,  que forneceram dados a alguns veículos de imprensa sobre a data de nascimento do bebê.

"Eu denunciei todos os crimes pelos quais eu fui submetida, todos. Sem nenhuma exceção. E o que me resta nesse momento, ainda bem. É confiar na Justiça. Não só na Justiça daqui, mas em uma muito maior. Eu fiz o que eu podia. Como eu podia, o que meu psicológico podia aguentar e que bom que estou aqui. Mais uma vez, eu quero agradecer o acolhimento de cada um, de cada olhar de carinho, amor, que eu recebo todo os dias", completou Klara.



Relembre o caso de Klara Castanho

Em junho do ano passado, Antônia Fontenelle disse de maneira cifrada em uma live no Youtube de que uma ex-atriz mirim havia engravidado e dado o filho para adoção. A influencer bolsonarista afirmou que Leo Dias sabia da informação e, por isso, a artista havia implorado para que o colunista não publicasse a nota.

Por conta desse episódio, diversos influencers começaram a fazer "dossiês" em suas redes sociais para desvendarem a identidade da suposta artista e chegaram ao nome de Klara Castanho.

A  atriz, então, decidiu se pronunciar com uma carta aberta ao público. "Este é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada", começou ela.

"Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família, nem dos meus amigos. Estava completamente sozinha", continuou Klara.

Ela relatou que tomou a pílula do dia seguinte, fez alguns exames e tentou reconstruir sua vida após este triste episódio. Além do trauma, ela começou a passar muito mal. O médico, na ocasião, sugeriu uma série de diagnósticos. Foi no meio de uma tomografia que ela descobriu que estava grávida.

"Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube. Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga", comentou.

Klara disse que o médico que a atendeu não teve empatia com seu relato de estupro e ainda disse que ela deveria amar a criança pelo fato de ter 50% de seu DNA. Entre o momento em que descobriu a gravidez e o dia do parto se passaram poucos dias. Neste período, ela procurou ajuda jurídica para entregar o bebê para adoção assim que nascesse. E assim o fez.

Mas seu pesadelo estava longe do fim. Klara relatou que no dia do nascimento, enquanto ainda estava sob efeitos da anestesia, ela ouviu uma enfermeira dizer a seguinte frase: "Imagina se tal colunista descobre essa história".

"Você não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança", afirmou. "Como mulher, fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias."



*Texto de Daniele Amorim
Daniele Amorim é jornalista formada pela Anhembi-Morumbi com pós-graduação na USP. Apaixonada por música, séries, futebol, maquiagem e falar amenidades no Twitter. Siga: @eudaniamorim.

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