Um dos maiores fenômenos de audiência da Netflix em 2022, o documentário O Golpista do Tinder expôs a tática de Simon Leviev em seduzir diversas mulheres ostentando uma vida de luxo, para depois aplicar uma sequência de golpes que as fizeram ter enormes prejuízos financeiros e psicológicos. E aqui no Brasil, alguns homens vêm utilizando a mesma tática do criminoso que chocou o mundo.

Se parar para pensar bem, faz sentido a tese de que a gente só tem medo ou é enganado por aquilo ou quem não conhecemos. E é por isso que a maior parte das pessoas é manipulada pelos golpistas --porque, a rigor, ninguém é criado ou formado para entender o passo a passo de um crime.

Giovanni Begossi viralizou recentemente nas redes sociais com um vídeo em que detalha as táticas usadas por estelionatários como Simon, e ainda faz alertas para as possíveis vítimas de como detectar o comportamento abusivo de um potencial golpista.

"Se você assistir ao documentário, vai ver que é uma aula de gatilho mental. Gatilho de autoridade, porque ele era CEO de uma multinacional de diamantes; gatilho mental de prova social, porque tinha ex-mulher dele que falava bem do cara; o gatilho da reciprocidade, porque ele ia lá, pagava jantar, dava presente", disse Begossi em entrevista exclusiva à coluna.

"Chegando ao ponto de esse cara gerar tanta identificação que faz a vítima dar dinheiro, dinheiro. O que ele pedisse. Isso é persuadir, manipular. Não faz sentido, então, não estudar gatilho mental. Estude essa habilidade", disse Giovanni, conhecido como El Professor da Oratória.

Para o professor, que já recebeu mais de 20 prêmios internacionais, é inteligente entender os artifícios da comunicação que esse tipo de ação faz sucumbir para não ser vítima de novas armadilhas.

"Se você entende o que está acontecendo e sabe o que é que está falando, com o que está lidando, e sabe perceber isso, o golpista nunca estará em vantagem em detrimento da vítima. É uma arma que a vítima pode ter para não se consagrar nesse título", concluiu.

Aqui no Brasil, tivemos o caso de Renan Gomes, que foi preso em setembro por praticar um golpe semelhante ao do protagonista do documentário da Netflix. Ele enganou mais de cinco mulheres e tirou dinheiro de todas. Uma das vítimas perdeu mais de R$ 500 mil com a lábia do rapaz.

Em seu discurso de sedução, ele dizia que era filho de alemães, mas que seus pais haviam morrido em um acidente no interior do Estado de São Paulo. E sempre pedia dinheiro emprestado para as mulheres que conquistava no Tinder, dizendo que era para ajudá-lo a abrir ou manter uma empresa --que nunca existiu.