Gabriel Perline
Exclusivo

Jovem Pan prepara nova onda de demissões após perder renda do YouTube

Canal de notícias acendeu o alerta vermelho após a decisão da rede social em desmonetizar seus conteúdos

Rodrigo Constantino é um dos comentaristas que atuam na Jovem Pan
Foto: Reprodução/Youtube
Rodrigo Constantino é um dos comentaristas que atuam na Jovem Pan


O clima é de completo desespero na Jovem Pan após o  YouTube determinar na quarta-feira (23) a desmonetização de todos os canais da plataforma vinculados à emissora. A previsão de rombo no orçamento é gigante e os executivos já falaram internamente que se a situação não for revertida será impossível manter a atual estrutura em operação, e novos cortes serão inevitáveis.


A Jovem Pan é atualmente uma das empresas que mais lucram com o YouTube no Brasil. As transmissões ao vivo de alguns de seus programas atingem índices altíssimos de audiência na plataforma, gerando uma receita substancial para o caixa da emissora, responsável por pagar os salários de muitos funcionários.

Mas a plataforma de vídeos decidiu desmonetizar todos os canais da emissora após uma série de denúncias apontarem que o programa Os Pingos Nos Is era um canal de desinformação, com ampla propagação de fake news. A atração, inclusive, foi alvo de uma ação do TSE, que resultou no afastamento de seus antigos apresentadores durante o período eleitoral.

Augusto Nunes, Ana Paula Henkel e Guilherme Fiúza foram demitidos  logo após a derrota de Bolsonaro para Lula no segundo turno. E o YouTube também decidiu punir a Jovem Pan por conta deste programa. Mas em vez de desmonetizar somente o canal que transmitia Os Pingos nos Is, a rede social aplicou sua "sentença" para todos os canais vinculados à rede de Tutinha.

Não é segredo que o governo de Jair Bolsonaro colaborou muito para o crescimento da Jovem Pan no país. De emissora de rádio, ela evoluiu para um canal de TV, recebendo as "bênçãos" do chefe do Executivo e se tornando basicamente a "casa" do presidente derrotado democraticamente nas urnas.

Ao contrário de outras redes de TV, que têm a publicidade como sua principal fonte de renda, a Jovem Pan não goza de fortes laços comerciais com companhias de grande porte, e a maior parte das ações de merchandising veiculadas em seus programas são de empresas desconhecidas e de menor porte. Ou seja, são insuficientes para sustentar o caixa.

O YouTube é um pilar importantíssimo para sua sobrevivência. E a perda desta receita preocupou a todos, desde os funcionários aos donos da rede, que tentarão reverter a decisão da plataforma antes de promover mais uma onda de demissões. Caso não consiga, antes mesmo do Natal a Jovem Pan reduzirá consideravelmente seu quadro de funcionários.

É importante frisar que a coluna procurou a Jovem Pan para se manifestar. Mas só neste ano a rede já teve quatro empresas diferentes prestando serviços de assessoria de imprensa, e a que respondia pelo canal até duas semanas atrás nos informou ontem à noite que o contrato havia sido rescindido.

Caso a Jovem Pan queira se manifestar, o canal está aberto e a coluna fará questão de atualizar este texto.