Karine Telles, Lara Tremouroux e Du Moscovis na exibição do longa Ela e Eu, no Festival de Cinema de Vassouras
Gabriel Perline
Karine Telles, Lara Tremouroux e Du Moscovis na exibição do longa Ela e Eu, no Festival de Cinema de Vassouras


Lara Tremouroux passou por uma situação embaraçosa na noite deste sábado (28) durante o painel do filme Ela e Eu, escolhido para encerrar a programação do Festival de Cinema de Vassouras: ela foi impedida de se juntar ao elenco do longa por vestir uma blusa vermelha com a estampa do nome de Lula e acusou a organização de censura. À coluna, ela disse com exclusividade que pensou em ir embora da cidade, mas desistiu por não querer ceder à censura.


"Pensei bastante, seriamente, em ir embora, se eu deveria continuar aqui hoje. Mas depois eu achei que uma maneira possível de resistir seria vir [à exibição do filme] e usar a minha blusa, porque é algo que está dito sem precisar dizer. Se não fizesse isso eu sinto que estaria cedendo à uma pressão psicológica e à censura. Eu não cedo à censura", disse a atriz.

O bate-papo com o elenco ocorreu no final da tarde no hotel em que o elenco estava hospedado na cidade de Vassouras. Du Moscovis e Karine Telles conversaram com os jornalistas e convidados juntamente com o diretor do longa, Gustavo Rosa de Moura, mas Lara foi barrada.

À coluna, a atriz disse que uma mulher a abordou no saguão do hotel, identificando-se como sendo da produção do festival, e afirmou que ela não poderia entrar no painel porque o evento não era político e que não era permitido nenhum tipo de manifestação política. Além disso, se quisesse participar do bate-papo de seu próprio filme ela precisaria trocar de roupas.

"Eu não sei se ela falou em nome de todos. Embora ela tenha dito isso, mas não quero responsabilizar a todos, porque outras pessoas pensam de uma forma diferente, mas ela foi a pessoa que me passou a mensagem e se identificou como sendo do festival. Eu falei que isso não estava certo, porque além de tudo é um direito constitucional da nossa democracia, para o lado que seja, inclusive. E é um espaço público, um direito pessoal e intransferível, e ela me disse que eu não poderia [entrar]", comentou.

"Ninguém veio desmenti-la ou dizer que eu poderia. E aí é um erro da organização que não cabe a mim. Mas acredito que dentro desse conjunto de pessoas haja quem pense diferente e que vai votar no Lula. Mas a questão é que alguma falta de organização existe para que essa seja a informação que seja passada para mim de uma forma não delicada", completou.

A coluna está na cidade de Vassouras a convite da organização do Festival de Cinema, que negou a prática de qualquer tentativa de censura aos artistas ou frequentadores de todas as atividades programadas para o evento:

"O Festival de Cinema de Vassouras destaca que em momento algum houve censura ao uso da vestimenta da atriz Lara Tremoroux. Os responsáveis pelo evento, Bruno Saglia e Jane Saglia, fazem questão, a todo tempo, desde o primeiro dia de Festival, de ressaltar que são a favor da liberdade de expressão de cada um aqui presente.

A intenção do 1º Festival de Cinema de Vassouras é levar -- não apenas aos Vassourenses e a todo o Vale do Café -- a diversão, a diversidade, o empoderamento feminino, a pluralidade. É tornar o audiovisual acessível, possível. Assim tem sido às mais de 18 mil pessoas já passaram pelo evento, assistindo animações, curtas, documentários, longa-metragens. E, de fato, a mensagem é uma so: amor e respeito. Viva a arte!"

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