Já se passaram dois anos desde que Vera Fischer foi dispensada pela Globo, mas ela lembra até hoje como foi seu início como atriz na emissora e também das dificuldades que sofreu nas mãos de alguns diretores em seus primeiros trabalhos. Walter Avancini (1935-2001) foi quem mais a assediou moralmente nos bastidores das gravações.
Vera fez essa revelação em entrevista a Pedro Bial, no Conversa com Bial, exibido na madrugada deste sábado (21). O jornalista pontuou que os tempos eram outros quando a atriz começou sua carreira na TV e quis saber se ela havia sido maltratada por algum profissional. Ela não hesitou e lembrou de Sinal de Alerta (1978), novela de Dias Gomes que foi seu segundo trabalho na Globo.
O diretor queria que Vera chorasse e para conseguir atingir seu objetivo adotava um método bastante constrangedor: a xingava das piores formas. Mas ela não cedia às humilhações.
"Quem mais gritou comigo foi na segunda novela, foi o Avancini. Ele dizia assim: 'Chora, sua loira burra, sua loira alemã que não sente nada, que não sabe chorar'. Eu dizia: 'Venha aqui me ensinar como é que faz, qual é o botão que liga'. Os atores todos parados, assim [olhando]. Paulo Gracindo (1911-1995), que fazia o meu noivo, Vanda Lacerda (1923-2001), Yoná Magalhães (1935-2015), essa gente toda parada... E ele falando isso. Eu falei: 'Não vou conseguir, ainda não aprendi isso. Quer me ensinar? Venha aqui e me ensina'. Eu já era muito brava", comentou.
Vera ainda deu a entender que muitos profissionais da Globo tentaram assediá-la sexualmente, mas ela encontrou uma maneira de desviar das investidas: sempre inventava desculpas "nojentas". Ela não deu detalhes, mas se divertiu ao lembrar da situação.
"Eu me impunha logo desde a primeira novela. Já tinha gente me cantando, eu dava umas desculpas que eu não posso falar agora porque são disgusting, mas eu me safava. Aprendi a me safar rapidinho. E muita gente deixava porque são mansos, cordeiros. Eu to mais para o outro lado, para o lado serpente", disse.