A quinta edição da Semana Internacional de Música (SIM) está chegando mais uma vez na cidade de São Paulo para realizar a maior convenção de música da América Latina. O evento acontece entre os dias 6 e 10 de dezembro no Centro Cultural São Paulo e contará com shows diurnos e noturnos, além de debates sobre o que o mais quente no universo da música atualmente com a presença de artistas, produtores, empresários, selos e festivais, além do público em geral que poderá conferir toda essa turbulência sonora de pertinho.
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Neste ano, serão mais de 50 painéis com palestras, debates e workshops sobre o novo mercado da música . Além disso, o evento também promove o Networking & Business, uma espécie de encontros realizados para conectar as pessoas para estimular as novas parcerias. Pela cidade, mais de 130 artistas embalarão as noites da capital em 15 casas de shows enquanto o Centro Cultural São Paulo receberá grandes ícones da música brasileira. A semana ainda irá realizar a primeira edição do Prêmio SIM, para destacar os novos nomes da música nas categorias Projeto do Ano, Inovação, Novo Talento e Contribuição à Música. Os indicados serão anunciados no dia 1 de novembro, enquanto a cerimônia de entrega está marcada para o dia 9 de dezembro, às 19h, no Centro Cultural São Paulo.
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Entre os nomes confirmados para o evento estão Ana Muller, Linn da Quebrada, Felipe Cordeiro, os portugueses do The Gift, o grupo de rap Rimas & Melodias, Tim Bernades, Tiê, Xênia França, os argentinos do Tamborbeat e Aíla, além de bandas e artistas de vários estados brasileiros e países, como Canadá, França, Austrália, Portugal, Chile e Inglaterra que poderão ter os seus trabalhos desfrutados pelas noites da cidade. A programação completa já está disponível no site oficial do evento.
Literatura além das fronteiras
A escritora brasileira Zia Stuhaug lançou mais um livro mas, desta vez, bem diferente do que os seus leitores estão acostumados. “Anjo Russo” conta a história de uma russa com cidadania dinamarquesa que é acusada e presa por conta de um atentado, enquanto a alguns quilômetros dali Mattias Larsen comemora a morte da esposa do seu patrão. Em busca de uma preciosidade, Mattias acaba percorrendo toda a Escandinávia para colocar as mãos nesse tesouro passando por uma série de aventuras e mistérios. Em entrevista ao iG Gente , a autora, que é radicada na Noruega, conta um pouco sobre o processo de criação dessa nova obra.
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“Para mim, escrever é como puxar o ar e soltá-lo, e nesse respirar e expirar, ideias surgem através dos pensamentos, e estes formam palavras. Juntas, elas criam histórias. Às vezes para crianças; outras, para adultos”, afirma. “Um contador de histórias não pode deixar que o risco estabeleça limites. Um exemplo é o famoso escritor norueguês Jo Nesbø, do gênero scandi crime ou policial, que também escreveu uma série de livros infantis sob o título Doktor Proktors, Doutor Proktor. Eu só fiz o caminho contrário”, completa a escritora.
Apesar de ter um contato bastante íntimo com a cultura escandinava, Stuhaug confessa ter tido um amplo estudo sobre essa sociedade para fazer o livro, o que ela define como um grande prazer. ”Eu percorri sete países, incluindo o Brasil, para conversar com os nativos e saber um pouco mais da sua cultura. Fiz isso depois da trama estruturada. Eu me nutri de cada detalhe colhido e observado e isso me auxiliou em todo o processo de ajuste da criação do ‘Anjo Russo’”, comenta.
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Diante desse multiculturismo que foi estabelecido em sua obra, outro país também não ficou de fora das pesquisas da autora: a Rússia. Muitas vezes associada a indústria da espionagem no cinema, na música, na literatura ou mesmo em documentários, fruto dos resquícios da então Guerra Fria, a autora comenta que por meio de uma das suas melhores amigas da Noruega, pode ter uma nova compreensão da imagem desse povo. “E isso não é tudo o que os russos podem ser”, comenta.
Aprofundando-se em temas como a Crise dos Mísseis de Cuba e o apoio da antiga União Soviética nesse cenário, a escritora acabou aprofundando no tema e conversando com sua amiga para entender melhor a história russa. “Eu já amava Liev Tolstói e queria muito conhecer São Petersburgo. Mas foi quando eu descobri a ligação da Rússia com os vikings suecos que juntei uma coisa na outra, e isso acarretou um grande salto na minha imaginação para compor a trama do Anjo Russo. Mas a chave para criar personagens críveis veio dessa compreensão humana decorrente da interação com minha amiga”, conta.
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A vida em outro país
Ainda que sua mente esteja imersa dentro de um universo completamente diferente do Brasil e o seu processo criativo para “Anjo Russo” tenha sido uma completa viagem no outro, a autora revela sentir falta de pequenas coisas da sua terra natal. “O bate-papo com amigos chegados e o almoço com a família, nos fins de semana, me enchem o peito de saudades”, revela. Entretanto, para ela, foi possível aprender a viver sem as demais brasilidades. “Os noruegueses são ensinados desde pequenos que não há ninguém melhor do que ninguém e nem pior. Não existe trabalho inferior, todos são vistos como uma forma de sobrevivência, e não há vergonha do trabalho braçal, como a limpeza, coleta de lixo, construção e pesca”, conta. “Sou muito agraciada por ter me adaptado aos costumes e tradições daqui. Devo muito à criação que tive. Meus pais me criaram para ser independente e respeitar o direito do outro. Então, eu não vi muita dificuldade em entrar na cultura do “faz-tudo” da Noruega”, completa a autora.