Jacira Roque de Oliveira , conhecida como Dona Jacira , morreu nesta segunda-feira (28), aos 60 anos. Mãe do rapper Emicida e do empresário e cantor Evandro Fióti , ela estava hospitalizada em São Paulo . A causa da morte não foi divulgada.
A informação foi confirmada por Fióti ao iG Gente , que destacou a luta de Dona Jacira contra o lúpus , doença que a obrigava a realizar hemodiálise há mais de 25 anos.
Na nota assinada por Evandro , Katia , Katiane e Emicida , a família agradece pelo carinho dos fãs neste momento e pede privacidade sobre o ocorrido.
" Mãe, avó, escritora, compositora, poeta, artesã e formada em desenvolvimento humano, como gostava de ser reconhecida. Dona Jacira foi uma mulher detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência que construíram um legado enorme para as artes e para a cultura afrobrasileira
."
A nota conclui: " Esse legado será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano.
"
Nascida na zona norte de São Paulo, Dona Jacira teve uma trajetória marcada por adversidades. Sofreu maus-tratos na infância, casou-se na adolescência, perdeu o marido e enfrentou anos de dificuldades financeiras para criar os filhos.
Emicida sempre destacou a força da mãe, que trabalhou como empregada doméstica antes de se dedicar à arte. “ Minha mãe foi empregada doméstica durante anos (...) Ela não podia comer na mesma mesa que as pessoas, usar os mesmos talheres e nem podia comer a mesma comida ”, relembrou o rapper no programa Papo de Segunda .
Quando mais velha, Dona Jacira se aprofundou na arte e na escrita. Suas obras valorizavam a oralidade, a cultura negra e os saberes ancestrais, sempre buscando transformar dor em cura e autoconhecimento.
Em abril, ela se posicionou publicamente durante a disputa judicial entre Emicida e Fióti pela empresa Laboratório Fantasma . Na ocasião, publicou nas redes sociais: “ Qualquer objetivo é fraco para qualificar a importância da tradição oral, nas civilizações de matriz africana. (...) Fioti sua dor é nossa dor. ”