Pedro Vasconcelos, ex-diretor da Globo
Reprodução/Instagram
Pedro Vasconcelos, ex-diretor da Globo

O ex-diretor de novelas da Globo, Pedro Vasconcelos, não se conteve e explicou o que estaria gerando a crise de audiência e de conteúdo sofrida pela emissora nos últimos anos. Pedro, que trabalha atualmente como guru de inteligência emocional, afirma que a queda se dá pela própria direção da empresa, afirmando que há "representatividade forçada" nas novelas, a "queda na qualidade" das produções e também a polarização política.

Para o guru, a emissora possui um posicionamento a favor do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e citou como argumento a cobertura feita sobre os ataques de 8 de janeiro de 2022. Segundo Pedro, tachar os atores de protesto no Congresso Nacional de "antidemocráticos" é um ataque aos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sendo esse um motivo para cerca de 50 milhões de pessoas se afastarem da emissora.

Em uma entrevista à Veja Gente no YouTube, o guro afirma: "Na minha opinião, ela está a favor, trabalhando mais a favor, do governo que ai está [de Lula]", começou ele, ao ser questionado se a emissora estaria mais à direita ou à esquerda do espectro político. "É óbvio que ela criou uma briga desnecessária e contraproducente ao governo antecedente [de Bolsonaro], é óbvio que ela está apoiando o governo atual. É claro. O problema é que é uma empresa de comunicação, ela precisa se comunicar com todo mundo".

"A Globo sempre teve uma tendência de apoio a um determinado governo. É óbvio, todo mundo sabe disso. Houve até um pedido de desculpas, mea-culpa, acho que do [William] Bonner, durante o Jornal Nacional, a respeito dos cortes do debate entre Lula e [Fernando] Collor [de Mello]. Então, sempre teve uma tendência. Sempre houve um apoio a determinado lado", continua.

Ele afirma que as pessoas estariam "chocadas" por serem tachadas de antidemocráticas, e que essa representação seria preconceituosa.

"Isso é uma imbecilidade. Se a empresa quer ter um lado, convide o lado oposto para conversar, para falar, para se comunicar. 'Olha, deixa eu chamar aqui para mostrar o que é legal, o que não é, o que vai ser bom, o que não pode, do lado de cá'. Agora, se eu crio um ranço com você, como é que eu vou te convencer alguma coisa? A única coisa que vai acontecer é você ficar chateado e ir embora. E é isso que está acontecendo", explica.

A culpa é da internet

Para o ex-diretor, o caminho que a emissora está tomando seria uma respostas desesperada à internet. "Como é que eu vou competir com milhões e milhões de pessoas que são capazes de produzir todo tipo de conteúdo possível e inimaginável? Como eu vou dar conta de estar à altura do que as pessoas hoje podem produzir? Já é uma batalha inglória para a televisão de massa, para o veículo de massa que é a televisão."

"Ela vai se manter viva, até porque o rádio também existe até hoje, mas a sua importância e a sua escala de alcance caem muito à medida que podemos fazer todo o tipo de conteúdo hoje na Internet", afirmou ele.

Entretanto, ele classifica que as novas gerações de profissionais da Globo não estão conseguindo entrar na casa das pessoas. "Então, por educação e por respeito, eu preciso saber como eu vou entrar na casa das pessoas. Você vai visitar seus pais, ou vai visitar alguém que você conheça, você entra na sala dessa pessoa, e você se comporta de uma certa forma que não seja ofensiva. Você vai conversar com essas pessoas e você pode até abordar qualquer tipo de tema com essas pessoas, mas você não pode ser incisivo; apontar o dedo, levantar questões ou, enfim, fazer uso de drogas no meio da sala dos seus pais", começa.

"Agora, todas as pessoas precisam ter entendimento sobre todos os assuntos. Como é que eu faço para abordar esses assuntos? Por exemplo, a questão do homossexualismo (sic), a questão das drogas, entre tantas outras questões, de uma forma que a família não se sintam agredida, não se sinta incomodada? Porque, se não, eu não estou tendo êxito", explica usando um termo homofóbico.

O guru, no entanto, reconheceu a necessidade de escalar um elenco mais diverso nas novelas: "Cada um vai conseguir levantar sua própria bola, sua própria história, comunidades vão fazer suas novelas, comunidades vão contar suas histórias. A representatividade vai ser muito melhor trabalhada aqui, na internet".

Quer ficar por dentro das principais notícias do dia?  Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!