Léo Áquilla relembrou juventude difícil em Capão Redondo
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Léo Áquilla relembrou juventude difícil em Capão Redondo

Em conversa no podcast “Pra Tu Se Ver”, Léo Áquilla revelou ter sofrido diversos abusos sexuais na infância. A artista cresceu em Capão Redondo, bairro na zona sul de São Paulo, que na época tinha um alto índice de violência.

Ela relembrou que era normal ver corpos na rua. "[Eu] estava inserida naquele contexto e para mim era normal [contar corpos de mortos nas calçadas] porque não conhecia outra realidade, até que um dia um desses corpos era o do meu irmão. Nesse mesmo bairro eu fui apedrejada e tive que sair para não ser a próxima vítima. Então a Léo Áquilla começa a surgir nesse momento, porque até então era o Jadson. Sai do bairro muito revoltada e a última frase que eu falei foi 'guardem este nome porque vocês ainda vão ouvir falar de mim'", disse.

A artista contou que sofreu muito bullying enquanto crescia, até mesmo da própria família. "[Fui] uma criança completamente afeminada, viada, porque era a minha natureza gritando pelos poros, porque a gente nasce assim, então não tinha como disfarçar aquilo. Então você vira a bichinha do bairro, a chacota da escola, da família, na religião você vai para o inferno. Então, quer dizer, fora toda violência que eu tinha que presenciar, ainda tinha que aguentar os abusos da própria família, do pessoal da rua, do bairro, é difícil."

"Não tinha ninguém nem da família, nem da escola que olhasse para aquela criança sendo massacrada na rua. Apanhava todo dia, não podia sair para o intervalo na hora do recreio porque tinha medo de apanhar, fazia xixi na sala de aula e fora todos os maus-tratos dos próprios professores, porque escola é um dos piores lugares para a gente. Fui uma criança muito sofrida, não gosto de vitimismo porque sempre fui morte, mas é minha história nua e crua. Não adianta querer romantizar uma infância que eu não tive", contou.

Ela então revelou ter sofrido vários abusos sexuais durante a juventude em Capão Redondo. "A única referência que eu tinha de trans, travesti, era uma travesti chamada Marcela, que tinha na minha rua, e era muito bagaceira, muito caricata, muito vagabunda, dava para o bairro todo. Então eu achava que para eu me assumir ia ter que dar para todo mundo. Não é que eu achava que eu ia dar se eu quisesse, era que eu seria obrigada, tanto é que sofri vários abusos sexuais e achava normal, achava que estava sendo abusada porque eu merecia, porque tinha nascido daquele jeito, Deus não me amava, então tinha que aguentar calada. Eu fui abusada sexualmente por vários anos", desabafou.

Atualmente Léo Áquilla trabalha como Coordenadora Municipal da Diversidade na prefeitura de São Paulo.


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