Juliana Alves avalia trajetória como atriz desde o 'BBB'
Reprodução/Instagram - 17.10.2022
Juliana Alves avalia trajetória como atriz desde o 'BBB'


De bailarina do “Domingão do Faustão” a integrante do “Big Brother Brasil 3”, Juliana Alves iniciou a trajetória profissional nos programas de maior destaque da Globo no início dos anos 2000. O primeiro papel na TV aconteceu no mesmo ano da participação no reality show, em “Chocolate com Pimenta”, e até hoje a atriz reconhece que as novelas “estruturaram” a carreira dela. No entanto, Alves admite que enfrentou dificuldades no processo para continuar no meio artístico.

Em entrevista ao iG Gente, Juliana conta que tais desafios se devem muito ao “racismo e machismo estrutural no Brasil”. “Eu até era chamada para coisas [papéis] que não eram válidas e, muitas vezes, eu não era simplesmente lembrada. É como se não existisse. Sabemos que isso se atribui a invisibilidade dos talentos negros”, afirma.

Juliana Alves participou do 'BBB 3'
Reprodução/Globo - 17.10.2022
Juliana Alves participou do 'BBB 3'


Alves já tinha experiências não televisivas na atuação antes de estrear nas novelas, mas cita o receio de se considerar atriz após o “BBB”. “Me sentia muito insegura. Antes, não me intitularia uma atriz, porque eu estudava. Uma coisa é você estar estudando gastronomia, por exemplo. Não vou dizer que sou chef de cozinha. Estava estudando, então não me via atriz”, relembra.

“Mas a oportunidade veio para eu abraçar, precisei estudar muito. Em várias situações eu via as portas fechadas, não foi uma coisa simples. Porque no primeiro momento foi uma novela, mas e depois disso? Foi um vale de muita dedicação, estudo, paciência e cuidado com a saúde mental mesmo, porque não é fácil você vir de uma grande exposição e depois se dedicar algo que requer concentração. E você precisa superar os julgamentos quando surgir”, diz.

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Entre os julgamentos que se deparou ao longo dos mais de 20 anos de carreira, a atriz menciona que o preconceito era um dos obstáculos que enfrentava na tentativa de garantir bons personagens. “Agora o panorama está mudando. Mas, lá atrás, era como se, para ser a mocinha, a pessoa que tem uma imagem de dignidade e confiança, um olhar romântico sobre a personagem passasse por um padrão o qual eu não pertenço”, reflete.

Apesar de observar a melhora no cenário artístico, Juliana relata uma experiência recente com o racismo: “As coisas melhoraram muito, mas ainda em 2019 eu ouvi de gente grande do audiovisual falas preconceituosas sobre a estética negra. Como se as pessoas que estão dentro do padrão de estética negra não tivessem possibilidade de convencer em uma cena romântica e nem estivessem à altura de intérpretes brancas, de cabelos lisos. Então a gente sabe que a gente avançou muito, mas temos muito que trabalhar nesse sentido, porque ainda se flagra pensamentos tão atrasados como esse”.


Atualmente, Alves entende como a participação no “Big Brother Brasil” pode ser um facilitador para a carreira artística dos participantes. No entanto, pondera: “É uma faca de dois gumes. Porque você tem a visibilidade, mas você não ganha um respeito e uma confiança por parte das pessoas que contratam ou das pessoas responsáveis por determinados trabalhos”.

“A maioria dos participantes não é artista e não vai ter aspiração artística, ou seja, vai terminar sua participação ali e seguir a vida após o período da fama [...] Uma parcela muito menor, se comparar o quantitativo de participantes, segue uma carreira que, ou a pessoa já tinha vocação e talento, ou descobriu. A continuidade só acontece quando a pessoa tem uma predisposição para aquilo. Esse período de lapidar esses talentos requer muita sabedoria. Por exemplo, o Kaysar [Dadour, do ‘BBB 18’], se revelou um grande artista pelos trabalhos que realizou. A Grazi [Massafera, do ‘BBB 5’] é um ótimo exemplo também”, expressa.

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“Eu, como atriz e mulher negra, tive dificuldades que outras pessoas, que viveram oportunidades parecidas após uma grande produção como ‘Big Brother’, não tiveram”, complementa. Em casos como o de Jade Picon, participante do “BBB 22” que está no elenco principal de “Travessia”, Juliana Alves pontua que “não tem como fazer uma análise” sobre os julgamentos que a influenciadora recebeu pela escalação.

“Qualquer resposta sobre isso, vem na própria transmissão da novela, das cenas dela. Essas são as verdadeiras possibilidades de se falar do assunto, porque você não pode falar quando não se conhece. Não se pode falar se é bom ou ruim. Até porque hoje temos uma diversidade maior de intérpretes, de possibilidades e oportunidades. Isso tem um lado muito bom e tem um lado que pode ser ambíguo, ou que é, às vezes, você admitir pessoas que estejam com menos experiência”, compreende.

Diante de julgamentos recentes no caso de Jade, a atriz explica que passa por “pequenos constrangimentos” até hoje por carregar o título de “ex-BBB”. “Têm pessoas que fazem questão de falar em um tom como se estivessem querendo te diminuir, ficam querendo causar. Mas eu não me abalo [...] Não tem problema nenhum as pessoas lembrarem, até porque, na verdade, a maioria não lembra da minha participação, descobrem através das entrevistas”, conta.

“Essas situações me deixam levemente constrangida, mas não é por mim só pessoalmente, mas aquela situação desnecessária. Mas de uma maneira geral, hoje eu posso dizer que conquistei um respeito por parte das pessoas, até pela maneira que eu me coloco. Tem muitas coisas que eu desejo ainda na minha carreira, mas um respeito eu percebo que eu tenho”, afirma. Em relação ao futuro, Juliana expõe a vontade de investir na carreira no cinema e interpretar uma personagem específica.

“Tenho muito desejo de fazer um tipo de personagem que é uma mulher com uma carreira muito bem sucedida, que tem uma vida muito luxuosa [...] ainda não tive oportunidade de fazer”, completa.

+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.


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