Atores da primeira versão de 'Pantanal' participam do último capítulo da trama de 2022
Reprodução/Instagram - 07.10.2022
Atores da primeira versão de 'Pantanal' participam do último capítulo da trama de 2022

Termina nesta sexta-feira (7) o remake da novela "Pantanal". Trinta e dois anos depois de a novela original ser sucesso na TV Manchete, começando com 7 pontos de audiência e terminando com 31, o remake de “Pantanal” vem repetindo o êxito do passado.

No encerramento da trama original de Benedito Ruy Barbosa, revisitada pelo neto do autor Bruno Luperi, quatro atores do elenco de 1990 aparecem em cena, no casamento de José Leôncio (Marcos Palmeira) e Filó (Dira Paes).

As histórias do Velho do Rio, de Juma Marruá e Zé Leôncio, reescritas à luz das questões de hoje, foram responsáveis por fazer da teledramaturgia de novo um fenômeno, medido não só pelas TV ligadas, mas pelo burburinho das ruas e redes sociais.

Em termos de audiência, por exemplo, a morte de Tenório (Murilo Benício), na terça-feira, chegou a marcar 35 pontos em São Paulo, maior número desde o fim de “Amor de mãe”, em abril de 2021. A média da semana passada foi 32 pontos, nove a mais que sua antecessora, “Um lugar ao sol”.

"(Isso mostra que a novela) não está nem um pouco morta, muito menos doente. Pelo contrário, está é carente de acertar o público", diz Bruno Luperi, autor do remake e neto de Benedito Ruy Barbosa, criador da obra. "A teledramaturgia faz parte da nossa construção social. As pessoas querem ver uma boa novela tanto quanto querem ver a seleção ser campeã". 

O capítulo final terá o casamento de Zé Leôncio (Marcos Palmeira) e Filó (Dira Paes) e a morte do patriarca. Com isso, ele não só encontrará o Velho do Rio (Osmar Prado), como se transforma nessa figura mítica de proteção da natureza.

Num gesto de homenagem, Bruno convidou atores de 1990, como Sérgio Reis, que interpretou Tibério. Ele vai se juntar a Almir Sater numa roda de viola na sequência do casamento, na qual cantam clássicos sertanejos, como "Chalana", "Comitiva Esperança" e "Rei do Gado". Na trama original, Sérgio formou uma dupla de cantadores com Almir Sater, que vivia o violeiro Trindade (hoje interpretado por seu filho, Gabriel Sater).

Bruno Luperi contou que a homenagem ao sertanejo se deve a sua importância para inspirar o avô, o novelista Benedito Ruy Barbosa, a escrever o folhetim original.

"'Pantanal' existe porque o Sérgio Reis insistiu para o meu avô ir para o Pantanal entre uma novela e outra que estava escrevendo. Ele disse: 'Benê, vem descansar aqui comigo. Vem conhecer esse lugar. Você vai gostar, a gente vai pescar, tomar cachaça, vamos conversar, bater papo, contar a história fiada'. Quando o meu avô chegou ali, ele ficou encantado pelo lugar", conta Luperi.

"Na primeira noite, ele estava com calor e foi dormir fora do quarto, quando viu aquela mancha da Via Láctea no céu. Dormiu na beira do rio, acordou com os pássaros e, ao encontrar o Sérgio de manhã, disse: "Vou escrever uma novela que vai parar o Brasil". 

Na novela da extinta TV Manchete o sucesso dos dois foi tão grande que eles reeditaram a parceria em outra novela de Benedito Ruy Barbosa, de volta à TV Globo: em 1996, os cantores interpretaram a dupla Pirilampo e Saracura na novela "O Rei do Gado".

Contudo, enquanto Sater ganhou um papel desde o início da segunda fase da novela como o chalaneiro Eugênio, Sérgio ainda não havia sido escalado para nenhuma participação na nova trama.

Credita-se a decisão à polêmica que o sertanejo se envolveu no ano passado, quando foi vazado um vídeo seu de um grupo de WhatsApp, no qual dizia que se o STF não aprovasse o voto impresso em 72 horas, os caminhoneiros iriam "parar o país" e "tirar todos os ministros" da corte.

Operação da PF e disco suspenso

Após o vazamento do áudio, a Polícia Federal fez uma operação na casa de Sérgio, em em Mairiporã (SP), na Serra da Cantareira, por ordem do STF, investigando manifestações contra as instituições e a democracia.

Na época, vários artistas retiraram suas participações de um disco que o sertanejo preparava, dedicado à MPB. Após gravarem suas faixas, Guarabyra, Maria Rita, Guilherme Arantes e Zé Ramalho retiraram a autorização para que as faixas fossem usadas no disco, que acabou sendo suspenso.

Em entrevista a Roberto Cabrini, para o "Domingo espetacular" da Record TV, em agosto de 2021, o cantor também reclamou de ter shows e contratos publicitários cancelados em função da repercussão. Na mesma entrevista, Sérgio pediu desculpas ao STF e aos ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

No fim do ano passado, o cantor iniciou um tratamento contra um câncer de próstata, diagnosticado nos meses seguintes à ação da PF, caso agravado por seu histórico de diabete, hipertensão e cardiopatia.

Luperi ressaltou que, para além dos últimos fatos, o valor artístico de Sérgio Reis é inegável:

"Não entro nesse mérito (do cancelamento do cantor), porque o que eu admiro do Sérgio é o seu trabalho musical. É um cara que lutou pela cultura caipira, que enalteceu o trabalho, as músicas e os rincões do Brasil".

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