Luedji Luna
Reprodução/ Instagram
Luedji Luna

O domingo (11) de "Rock in Rio" foi marcado pelo show de Liniker e Luedji Luna, no Palco Sunset, no primeiro horário do evento. O público se apertou para ver o show, enquanto a chuva não dava trégua na Cidade do Rock. Mesmo com todas as adversidades do dia, a artista Luedji Luna afirmou saber que a apresentação ia ser um sucesso: "Não fiquei surpresa".

A cantora baiana se mostra feliz em ter realizado o sonho de se apresentar no Rock in Rio ao lado de Liniker. "Ela é uma artista primorosa, generosa e excepcional. Fez um show muito especial", diz em conversa com o iG Gente.

"Se existe alguma diferença entre Palco Mundo ou Palco Sunset, isso cai por terra quando a gente vê o show da Ludmilla, por exemplo. Um show no Palco Sunset, com aquela qualidade técnica, com aquela magnitude, extremamente lotado. Ou seja, o Palco Sunset estava mais lotado do que muitos Palcos Mundo. O público compra o ingresso para ver quem gosta", declara a cantora.

Luedjio afirma que talvez seja a hora do festival abrir os horizontes na hora de selecionar as atrações. "Poderia ter mais artistas negros, sobretudo mulheres negras. Historicamente, a Iza foi a primeira artista preta, brasileira, a se apresentar no Palco Mundo e não precisa ser assim", pondera.

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A baiana leva essa questão para uma magnitude maior ao analisar a indústria fonográfica brasileira. Luedji afirma que não coloca questões de mulheres negras nas músicas dela para gerar representatividade, mas porque ela é uma mulher negra e fala do que vê no dia a dia. No entanto, não nega que a identificação acaba sendo gerada tanto no público como no mercado musical.

"O mercado teve que aceitar a minha existência. Teve uma demanda espontânea. O público começou a escutar, começou a falar, começou a fazer filas para o show. E as mídias convencionais começaram a olhar para mim", afirma a cantora, indicada ao Grammy Latino de melhor álbum da MPB com "Bom mesmo é estar debaixo d'água".

A artista complementa apontando para uma desigualdade na forma em que a indústria trata mulheres negras e brancas, além de sinalizar para a forma como o machismo leva homens de maneira mais rápida aos holofotes.

"É fato que o mercado não está aberto para o que eu faço e para o que outras mulheres negras fazem porque escolheu não estar. Há uma desigualdade entre homens e mulheres e uma diferença gritante na rapidez da expansão com que as coisas que acontecem para as mulheres brancas e mulheres negras", lamenta. 

Afeto na música e na vida

Mesmo com toda a luta, Luedji procurar apresentar mais da mulher negra na arte que produz. Não à toa, o segundo álbum da carreira dela (Bom mesmo é estar debaixo d'água) trata da perspectiva, afetos, desafetos, amor e raiva da mulher negra. 

E é com esse afeto que a cantora fala da vida pessoal, que gira em torno do filho, Dayo, que teve com o companheiro, o rapper Zudizilla. Segundo Luedji, a vida só mudou para melhor após nascimento do pequeno, em 2020. "Agora tenho dois trabalhos. Mas nada afeta minha carreira ou minha criatividade", conta. 

Em seguida, ela entrega que, algumas vezes, evita mostrar Dayo nas redes sociais para não expô-lo. "Ele é bonito demais para não mostrar, mas tem vez que eu não mostro muito, vou oscilando. Eu não vou fazer Instagram para ele, não vou fazer dele uma pessoa pública. Ele não tem maturidade para fazer essa escolha", explica. 

Luedji concilia a rotina materna e a como cantora de uma maneira calma e solar, como as canções dela. "A gente vai levando um dia após o outro e balanceando", finaliza.

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