Há seis anos, Leandro Hassum fez dos Estados Unidos a sua morada. Há três, deixou a TV Globo, emissora que foi sua casa por mais de duas décadas, para experimentar outras vizinhanças. Agora, o carioca da Ilha do Governador encontra mais um refúgio: nesta segunda-feira, 30, estreia no Multishow, capitaneando um novo clã: a Família Paraíso. Em cena, será Leleco, funcionário alto-astral de uma casa de idosos. “Sou alegre e, às vezes, meio sem noção, como ele. Leleco é ogro, cheio de amor pra dar, mas erra na dose. Eu sou o pai que aparece na festa da filha dançando, pra sempre jovem”, compara Hassum, aos 48 anos. Em conversa por videochamada, diretamente de Orlando, na Flórida, o ator e humorista falou ao EXTRA sobre família, envelhecimento, paraíso, inferno e outros assuntos.
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De volta à Globo
“Retorno ao Grupo Globo num programa onde tive total liberdade para opinar. No Multishow, sou showrunner: participei da criação do roteiro, palpitei na escolha do elenco (que ainda tem Cacau Protásio, Viviane Araújo e Paulinho Serra, entre os menores de 65 anos), na produção, na finalização... Sei exatamente o que vai ao ar. Até porque ‘Família Paraíso’ vai passar depois na TV aberta, às 13h30 de domingo, um horário que ocupei por muito tempo. Sei bem o que funciona. É um privilégio ser ouvido e respeitado. Sempre achei que fazia falta o meu rosto no Multishow ao lado de tantas feras do riso. Eu faço humor popular, de fácil identificação, como tem ali”.
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Terceira idade em foco
“Os idosos são protagonistas desse seriado. Em cada episódio, um deles é o foco principal, o motivo do quiproquó. A gente se divertiu muito gravando, é um elenco muito sábio! Eu fui criado por avó e tias-avós que odiavam ser tratadas como idosas incapazes. Até falecerem, faziam questão de votar nas eleições e pagar a passagem de ônibus, mesmo sem necessidade”.
Envelhecimento
“Sou chamado de senhor frequentemente. O que me incomoda, mas a minha mulher (a empresária Karina Hassum, de 43 anos) ama, é que sempre acham que ela é minha filha. Não que ela seja novinha, só é bem cuidada (risos). Sou um cara feliz com a qualidade de vida que ganhei. Aos 48, faço coisas que eu não fazia aos 30. Tive mais dificuldade na virada dos 30 para os 40 anos, quando fiz a bariátrica. Estava muito grande, tinha medo de morrer. E acordei para a minha saúde”.
Autoestima
“Nunca passei por cirurgia plástica, tenho medo. Harmonização facial, sim. Não me sobrou muita pele pelo corpo, só um pouco na barriga, e ok. É a minha cicatriz, pra eu nunca mais esquecer nem voltar ao que era. Emagreci 67kg no total, tive um reganho de massa muscular de 10kg. Hoje, peso entre 95kg e 97kg”.
Medos
“Eu sou cagão. Depois que emagreci, comecei a ganhar um pouco mais de coragem. Há pouco tempo, fui a Foz do Iguaçu (PR) fazer um evento e pratiquei rapel, por exemplo. Minha psicóloga diz que hoje eu me arrisco porque tenho mais força física para aguentar o meu próprio peso, fôlego. Mas continuo com medo de altura, pavor de barata. Moro na Flórida, tem muita cobra, jacaré no lago em frente de casa... Dá pra fazer umas externas de ‘Pantanal’ (risos). E, em avião, estou sempre dopado com Rivotril. Meu medo aumentou quando minha filha (Pietra, de 22 anos) nasceu, pela ideia de faltar a ela”.
Manias
“Eu sou regrado. Acordo muito cedo, entre 6h e 6h30, trabalhando ou não. Já desço com a roupa de malhar, para me obrigar a ir. E vou, de segunda a segunda. Almoço ao meio-dia. Sou insuportavelmente pontual. Quer me ver de mau humor? Atrase. Nas minhas peças, me irritava as pessoas chegando enquanto eu já estava no palco. Comecei a brincar com isso, mas no fundo era a minha forma de reclamar. Eu já cheguei pra gravar e voltei pra casa porque o colega não apareceu no horário. Sou leve no set, mas muito caxias”.
Dia a dia nos Estados Unidos
“Por aqui, minha rotina é não ter rotina. Faço shows, palestras motivacionais, atuo no mercado de locações de casas. Nos Estados Unidos, não sou o Leandro Hassum, e sim o Leandro Moreira, um pouquinho antissocial. Eu amo ficar isolado! Construí minha casa do jeito que eu queria: a minha piscina, a minha cozinha, a minha área externa... Sou muito feliz morando aqui, mas não existe povo mais encantador e carinhoso que o brasileiro”.
Humor brasileiro
“Fiz um show todo em português num teatro aqui em Orlando, e um cara da equipe técnica veio falar comigo no fim: ‘Olha, eu não entendi uma palavra do que você falou, mas você é muito engraçado!’. É que eu tenho humor físico forte. É mais difícil fazer o brasileiro rir do que o americano. Nosso povo é muito criador de memes. Já tem o humor na veia, acha graça da própria desgraça. Quando o comediante sobe ao palco, já vai desafiado a ser melhor que o cara engraçadão da plateia. Americano ri de trocadilhos, de coisas simples. Eu sou um contador de histórias, péssimo contando piadas. Cheguei a criar 15 minutos de stand up em inglês, mas o que eu quero mesmo é falar para a comunidade brasileira. Essas pessoas sentem o Brasil mais próximo delas quando vêm me ver, me abraçam falando isso”.
Marcius Melhem, ex-dupla
“Eu sou padrinho das filhas do Marcius. Eles estiveram aqui, dois anos atrás, me visitando. Somos amigos, não tenho nada contra ele e vice-versa. Só não nos frequentamos mais. Na nossa profissão, a gente forma muitas famílias. Ele foi minha família em ‘Os caras de pau’, hoje a minha família é a ‘Paraíso’. Amanhã, formo outra. É assim que funciona”.
Paraíso
“Acho que até vou para o paraíso quando morrer, mas tomando uns puxões de orelha antes de entrar. Sou um cara do bem, mas debochado, como todo comediante. Sacana mesmo. Sabe aquelas perguntas que fazem para misses? Eu daria a resposta do Keanu Reeves: ‘O que eu espero quando morrer é que as pessoas sintam saudade de mim’. Acho que vão sentir saudade de mim (risos)”.