Felipe Neto fala de vida de solteiro, depressão e planos para o futuro
Reprodução/Instagram - 20/03/2022
Felipe Neto fala de vida de solteiro, depressão e planos para o futuro

Foto sem camisa. Vídeos mostrando o dia a dia e a nova decoração do quarto, em que a cama super king size é a estrela principal. Resenha com amigos na piscina. Pegações famosas e flerte nas redes sociais. Esqueça o Felipe Neto combativo, brigão, que tem opinião sobre tudo. Ele está sendo reconstruído para que o Felipe volte a viver. Aos 34 anos, há 12 lutando contra a depressão e síndrome do pânico, adoecido há três, desde que decidiu enfrentar a família Bolsonaro, o youtuber mais visto do país não jogou a toalha, mas decidiu que precisa mostrar ao mundo quem ele é de verdade. Nem que para isso ganhe o inédito título de biscoiteiro.

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Após cinco anos de relacionamento com a influenciadora Bruna Gomes, Felipe está solteiro no Rio de Janeiro. Ainda sem ir à praia ou solto em qualquer lugar, ele experimenta as delícias (e perrengues também) dessa nova fase, em que passou a se olhar com mais generosidade e leveza. Por isso avisa que, no ano eleitoral, um homem de paz não quer guerra com ninguém. "Fiz tudo o que pude em nome da democracia. Virei o ano exausto, completamente sem energia de continuar brigando. Vou me posicionar, sim, no momento de eleições, obviamente, tentar falar pras pessoas sobre a importância do voto, mas não vou passar esse ano inteiro brigando, mostrando e lutando como passei os últimos três", promete.

Cuidar de si mesmo é a prioridade do moço, que posou para este ensaio como a marca de uma virada de chave: "Voltei a olhar pra dentro. Estava há muito me sentindo parado no tempo, como se eu estivesse esperando a vida passar. Me redescobrir e me recolocar no mundo, sendo solteiro, está sendo o maior tesão. É me sentir desejado, me sentir querido".

Quando essa chave virou?

No momento em que eu percebi que queria viver mais, e mostrar para as pessoas quem eu sou. Porque eu passei muito tempo na internet me preocupando em só produzir conteúdo e as pessoas assistirem meu conteúdo, e lerem minhas opiniões no Twitter e tudo mais. Eu nunca mostrei muito quem eu sou , meu convívio social, meu dia a dia. Muita gente criou uma imagem do Felipe brigão, explosivo, arrogante, que são adjetivos que não existem para as pessoas que estão próximas a mim.

Você não acabou contribuindo para isso?

Claro, claro. É justamente por não mostrar minha vida, por não mostrar quem eu sou e focar muito nesse lance de enfrentamento político, querer mostrar as coisas que eu considero sensatas e etc. Fiquei com a imagem de: ele não mostra seus defeitos, suas imperfeições e parece querer consertar tudo

O cagador de regra...

Sim, o cagador de regra, e eu fiquei numa situação em que permiti que as pessoas me achassem arrogante mesmo. E agora quero saber como posso fazer para verem quem eu sou e não essa imagem que foi criada. Não é culpa delas me acharem assim. A culpa é minha.

Qual foi o gatilho?

O principal foi um momento muito nada a ver, mas que ilustra bem. Foi quando fiz uma piada com o João Guilherme (ator) no Instagram, e ele respondeu no direct: 'nossa, cara, eu vi que você tinha me marcado e vim cheio de medo'. Aquilo bateu. Sou um cara brincalhão, megabobo, não tem por que as pessoas terem medo de mim. E percebi que tinha inspirado isso nelas. Foi um estalo muito grande.Todo mundo pensa isso de mim, todo mundo tem receio de mim, acham que sou chato, inspuportável. E eu falei, bom, foi a imagem que eu criei. Quem me assiste no YouTube não pensa isso. Como posso mostrar que eu não sou isso? Eu não quero mais essa vida de ser o cara que está o tempo inteiro enfrentando as coisas.

A gente está entrando num ano superimportante politicamente, e você nisso?

Passei três anos lutando contra o governo Bolsonaro. Foram os anos mais difíceis da minha vida, enfrentei coisas que nenhum ser humano deveria ter que enfrentar e eu acho que cumpri muito bem meu papel como cidadão. Fiz tudo o que pude em nome da democracia. A gente entra nesse ano agora e eu preciso ser supersincero, não vou enfrentar nada. Eu virei o ano exausto , completamente sem energia de continuar brigando. Por mais que seja o ano mais importante de todos, este vai ser um ano em que eu vou me posicionar sim no momento de eleições, obviamente tentar falar pras pessoas sobre a importância do voto, mas não vou passar esse ano inteiro, brigando, mostrando e lutando como passei os últimos três anos.

Você passou três anos muito difíceis, teve uma depressão, síndrome do pânico. por que optou em não falar sobre isso? Era uma forma de não demonstrar fraqueza?

Como eu não mostrava muito minha intimidade, não tinha muito onde postar. Eu não usava story e quase não postava. Não tinha muito espaço. Ainda assim alertei várias vezes para a questão da depressão, uma pauta que eu já falo sobre há muito tempo, que eu tenho levar essa informação para as pessoas, porque é um doença que eu enfrento há 12 anos e possivelmente terei pelo resto da vida, sempre com medicamento e terapia. E quando começaram os ataques muito fortes contra mim, quando a família Bolsonaro começou a envolver polícia, Ministério Público, promotoria, vindo atrás, perseguindo, tentando fazer um silenciamento... Naquele momento eu realmente precisava passar uma imagem de força. Então, acho que esse período , eu tentei ao máximo mostrar resiliência, força, que aquilo não me abalava, pra poder enfrentar. Mas óbvio que isso resultou em consequências gravíssimas, talvez pro resto da minha vida. Então, não podia mostrar fragilidade, porque eles viriam mais ainda. É muito comum ter que ler o tempo todo 'tá chorando, deprimidinho?'

Como você está hoje?

Sob controle, mas ainda com episódios. Como tive essa perseguição, eu tive muito medo. Quando foi agora, que resolvi viver, por conta da diminuição dos casos e medidas restritivas, quis de cara viajar para Orlando. E meu cérebro não deixou. Eu já estava tendo umas crisesinhas quando ia ao mercado, já me sentia ofegante. Tive que passar por um processo de readaptação. Ir ao shopping, ao mercado. Eu gosto muio de ir ao cinema e estou há mais de dois anos sem ir. Porque ainda tenho um pouco de fobia, mas quero conseguir. Estou medicado, faço terapia regularmente. Uma vez por semana. Está muito melhor agora. Porque foi uma virada um pouco tempestuosa. Fim de um relacionamento de cinco anos, a mudança da pandemia, foi muito intenso. Tive uma virada de ano muito conturbada.

Mas aí veio uma mudança geral...

Sim, eu quis mudar tudo. Quero ter meu próprio estilo. Há anos deixava as pessoas escolherem minha roupa, meu cabelo, tudo. E quero ser dono de mim. Sempre quis furar a orelha... Ficava adiando as coisas...

Parece coisa de popstar e não acho que seja o seu caso...

Não é mesmo. Era preguiça! Era acomodado. A culpa era minha mesmo. Eu deixava minha namorada escolher, ou minha assessora. E por mais que eu amasse o gosto delas, quando terminei e me vi sozinho, eu quis me reencontrar. Eu vou entrar na loja, escolher o que eu quero ser. Foi um momento de fazer o que eu queria. voltei a me tatuar (a última foi uma coruja no tórax), furei a orelha, quando eu puder viajar, quero rodar o mundo inteiro, quero fazer coisas que eu vinha adiando. Falo que quero pular de bungee jump há anos e não pulo. E sempre trabalhando, trabalhando, trabalhando e me acomodo. Agora não quero mais ficar nesse comodismo.

Nesses três meses solteiro, o que você descobriu sobre você?

Voltei a olhar pra dentro, muito. Eu estava há muito me sentindo parado no tempo, como se eu estivesse esperando a vida passar. isso era uma culpa 100% minha, tá? Nada a ver com minha ex. A Bruna era uma namorada fantástica. Agora me pergunto como posso me apaixonar por mim de novo? Eu preciso encontrar isso, me encantar comigo mesmo. era um discurso que eu tinha online e que havia perdido. Sempre falei para as pessoas se amarem... Estou muito mais vaidoso, voltei a malhar, estou preocupado com corpo, saúde, alimentação. Fazendo acompanhamento médico, marquei todos os exames, então, assim, foi uma mudança de 180 graus.

E com isso você passou a ser o solteiro cobiçado que está pegando geral...

Isso é muito novo pra mim (risos). Eu não fui esse cara na escola, no início da fase adulta, nunca fui o pegador. Tive três namoros muito longos. Pra mim também tem sido uma descoberta. Primeiro, eu nem sabia que as pessoas se interessavam por saber quem eu pego. Eu sei que parece ingênuo, tá? Eu ainda estou descobrindo como agir em relação a tudo isso. Porque por mais que eu me sinta invadido, sou uma pessoa pública. Eu não posso exigir que as pessoas não tenham curiosidade e que deixam esse lado da minha vida sem falar sobre. O que aconteceu com a Gabi (Martins), por exemplo, fiquei em choque, por que como vazou? O que fico mais intrigado é que não sei como as coisas vazam. E eu não sei o que fazer. Eu falo pra pessoa não comentar, escondo ou não? Ou simplesmente deixo as coisas saírem e dane-se? Porque acho que vou acabar fazendo isso mesmo.

Você se arrepende de ter se manifestado?

Não. Porque eu estou solteiro. Se estou solteiro, estou conversando com pessoas. Aí sai que estou namorando, e isso me causa um problema, porque parece que estava enganando pessoas.

Está equilibrando uns pratinhos então...

(risos) É...Tipo veio mensagem me cobrando satisfação, perguntando que história é essa. E eu tive que me explicar! Só que nem todo mundo acredita. Aos 34 anos, estou descobrindo essa parte da minha vida que não era muito explorada.

Está sendo muito cantado nas redes sociais?

Recebo mensagens. Não sei o que é muito. Imagino que o Neymar e o Luan Santana devam ser muito. Eu não sei se sou muito. Acho que é proporcional, quantidade normal.

Mas você está curtindo essa fase?

Estou

Não falo só da pegação, não...

Não, claro. Acho que a pegação nem é uma das partes mais...

É sim, Felipe! Você não fez uma cama super king size à toa.

Sim, é sim! É que não quero soar piegas. Mas a parada de você se redescobrir e se recolocar novamente no mundo, sendo solteiro, isso pra mim está sendo o maior tesão. É me sentir desejado, me sentir querido, isso tudo pra autoestima, pro ego, é de muita ajuda. Mantendo o pé no chão, é só administrar. Estou muito feliz nesse momento, não vou mentir. Nada a ver com eu estar infeliz na minha relação. Não é isso. Mas estou muito feliz nessa fase solteira.

Essa fase nova te coloca no lugar da biscoitagem...

Penso todo dia se estou fazendo isso. Mas a minha vida sempre foi o seguinte: melhor ser hipócrita que continuar sendo cuzão. Prefiro redescobrir as coisas e mudar minha opinião, se preciso, a ser teimoso. Essa fase nova de biscoiteiro, postar foto sem camisa e tal, de início pensei: ‘será que vou ficar com vergonha de mim mesmo?’. Mas vou experimentar. Se eu não experimentar, depois vou ter 70 anos, e me lamentar. Então, vou viver. Descobri que posso continuar a ser um produtor de conteúdo no YouTube e ser um biscoitero influencer no Instagram sem me diminuir. Comecei a repensar as questões. Não acho os influenciadores errados. Não vou apontar mais dedo pra ninguém.

Você ostenta o título de YouTuber número 1 do Brasil. O que falta?

É o assunto da minha terapia hoje. Tem uma frase, de novo não quero soar piegas, do Schopenhauer que diz: ‘Quando a gente deseja, a gente sofre. Quando a gente tem, a gente entedia’. A perspectiva que ele te dá sobre felicidade é a busca pelo nada. Estou trabalhando isso dentro de mim. Não tenho mais uma meta. Bati todos os recordes que eu tinha pra bater. A “Time” foi a melhor e pior coisa que poderia me acontecer. O que mais posso conseguir depois disso? Tenho que conquistar a felicidade sem desafio. E tem sido muito difícil pra mim. Sou ansioso. Tento descobrir prazer no agora e não onde tenho que chegar. Quero cada vez mais focar no que me dá felicidade.

Você se sente mais leve?

Eu não percebo. Mas está todo mundo comentando, então devo estar mesmo.

Este foi o primeiro ensaio de fotos que você fez na nova fase biscoitagem. Se sentiu constrangido em algum momento?

Um pouco no início. Mas se estou aqui, vou me jogar. É pra biscoitar? Vou me jogar. Não vou fazer meia boca. Vou fazer o carão que tem que fazer. Se é pra fazer, não vou me reprimir. Se depois eu não gostar do que fiz, pego outro caminho.

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