Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, relatou em sua recém-lançada autobiografia a polêmica que se envolveu com Jair Bolsonaro em julho de 2019 , após o presidente diz quer "não pode admitir que com dinheiro público se façam filmes (como esse)", mencionando o longa "Bruna Surfistinha", lançado em 2011 com Deborah Secco no papel principal.
Ao relatar o assunto no livro, Raquel a ex-prostituta diz como recebeu a crítica na época.
"Entendo que quem diz ser cidadão do bem, precisa pregar um falso moralismo para não chocar, nem decepcionar a família tradicional brasileira. Enquanto ele citou meu filme como exemplo de coisa ruim, o orgulho que tenho da minha trajetória apenas aumentou, só eu sei o que passei até colher meus frutos e ninguém vai tirar isso de mim", escreveu ela, que não poupou críticas ao atual chefe do governo.
"Teria ficado chateada e com vergonha de sair de casa se tivesse sido criticada por um presidente decente, com um histórico maravilhoso na política, mas não era o caso. Minha resposta aos jornalistas foi direta e reta: "Ele deveria cuidar da moral da própria família. E esse foi o título de várias matérias publicadas", relembra.
Bruna afirma que diante da polêmica, passou a receber inúmeros ataques e até ameaças de morte de eleitores do Bolsonaro.
"Diante esse fato, comecei a ser atacada com intensidade por redes sociais. Senti na pele o quanto eles são militantes agressivos que não descansam e, sentem prazer em xingar e ameaçar vidas alheias que não concordam com a mesma visão política deles", disse.
"Virei alvo e por dias recebi mensagens como; "Você é um lixo humano", "É uma vergonha para o país", "Se eu te encontrar, acabo com você", "Que moral você tem pra falar do presidente, sua puta!", "Você tem que morrer, vagabunda!" e por aí vai. Fiquei chocada com tanto ódio que esse povo externa. Cada um oferece o que tem no coração, não é mesmo?".
"Não fiquei abalada com o conteúdo das mensagens, o que me abalou foi a energia pesada que veio para cima de mim, consequência de inúmeras pessoas sentindo ódio por minha existência, me desejando mal e até mesmo minha morte. (...). Como podem ter coragem de dizer que são cristãos e desejarem tanto mal a alguém? Nunca entenderei tamanha contradição. (...) Uma mulher chamou muito minha atenção com a mensagem que me mandou, foi uma das piores que recebi, além de palavrões e xingamentos, desejou que eu fosse estuprada e morta em seguida”.