A imagem de Mônica Martelli com os olhos marejados segurando cartaz em homenagem a Paulo Gustavo no ato contra o governo Bolsonaro, sábado passado (29), emocionou muita gente e se espalhou pelas redes. Em luto pela perda do amigo, que morreu de Covid-19 há um mês , a atriz conta que foi à Avenida Paulista movida pela revolta e que está acompanhando de perto a CPI da Pandemia.
Qual a importância de ter ido à manifestação?
Foi importante para mostrar que o país é nosso, que as ruas e a luta são nossas. Para mostrar a nossa vontade de mudar. Paulo Gustavo foi traído junto com quase 500 mil brasileiros com a omissão das políticas sanitárias do governo federal. Na hora que eu abri a faixa, o povo em volta começou a aplaudir, eu comecei a chorar. Pensei: "Meu Deus, estou aqui em nome do meu amigo que morreu de uma doença para a qual já existe vacina. Bastavam duas doses!".
Um mês depois da morte dele, como você está?
A caminhada não é linear e é de muitos sentimentos. Há momentos de boas lembranças e de tristeza profunda. Sei que a obra dele está aí e vai ficar para todo mundo. Mas o amigo me ligava o tempo todo eu não tenho mais. Às quartas, a gente fazia Facetime para escolher a roupa do "Saia Justa". Semana passada escolhi uma toda roxa e já imaginei ele falando: "Amor, o que é isso, halloween?".
Tem se encontrado o Thales e as crianças?
Viramos uma família. Eles passaram o meu aniversário comigo ( no últimdo dia 17 ). Era a única forma de atravessar esse aniversário, não seria possível se não fosse na companhia deles. Foi muito forte estar com Romeu e Gael, era como se o Paulo Gustavo estivesse comigo.
Você está vestindo uma jaqueta do Paulo Gustavo. Qual é a história dela?
Um dia, ele estava vestindo essa jaqueta, me deu um abraço e me espetou toda. Ele disse que estava espetando todo mundo com ela ( risos ). Fiquei, então, de pedir para uma amiga figurinista trocar os espetos por tachinhas. Paulo deixou comigo para fazer essa adaptação, mas não deu tempo...