Bruna Marquezine
Divulgação/Hick Duarte
Bruna Marquezine


No horário marcado para esta entrevista feita por videochamada, Bruna Marquezine surge toda sorridente, de camisa de malha branca, ajeitando a franja que cisma em cair no rosto. A atriz mais cobiçada pela imprensa de celebridades ainda está se adaptando ao novo corte de cabelo, que agora está natural, ou seja, cacheado.  “Fiz uma transição capilar e precisava tirar o resto de química dos fios. A única maneira era fazer em camadas. Fiquei com medo de ficar parecida com um poodle, mas acho que ficou cool. E, o que é melhor, não sou mais escrava de escova progressiva”, comemora.

A mudança na aparência não foi a única na vida de Bruna neste 2020.  Depois de 17 anos e 14 novelas, a atriz optou por não renovar o contrato com a Globo e ir em buscas de novas experiências. A primeira delas já tem data de lançamento: em 2021,  ela estará no elenco da série “Maldivas”, da Netflix. Ao lado de Manu Gavassi, sua amiga na vida real, interpretará Liz, uma goiana que vai para o Rio com o intuito de reencontrar a mãe.

Confira trechos da entrevista exclusiva.

Dezembro é naturalmente um mês de retrospectiva. Como foi o seu 2020?

Acho que foi um ano muito difícil para todo mundo, né? Para mim, foi emocionalmente instável. Passava metade do meu dia tentando meditar... Uma gangorra muito louca! Pensava: “Hoje vou me alimentar bem”, e terminava o dia comendo um pote de Nutella”. Ou “hoje vou criar maneiras de ajudar as ONGs que apoio”, e acabava pedindo socorro para a terapeuta. Além da Netflix, outras possibilidades de trabalho surgiram (Bruna fechou contrato com o Grupo Arezzo para ser garota-propaganda da Brizza, nova marca de sandálias de Alexandre Birman) e me fizeram muito bem. Então, ao mesmo tempo que foi um ano muito difícil, eu seria hipócrita se dissesse que foi um ano ruim... É difícil ser grata por um ano em que tanta gente sofreu e morreu. Me sinto até culpada. Enfim, 2020 foi bem complexo.

Passar a quarentena solteira foi ruim?

Estou bem com a minha solteirice. Quase não consigo me ver hoje com alguém. É claro que amanhã isso pode mudar. Até porque, quando eu me encanto, por mais que não namore, fico parada ali. Não tenho necessidade de ir para outra pessoa para ver como é.

Não sente falta de sexo?

Sexo é a maior troca de energia entre seres humanos. Não transo só pelo prazer. Se for por isso, tem outras maneiras de se satisfazer sozinha. Não consigo banalizar. Escuto muito isso: “Ser solteiro está foda!”. Eu falo: “Gente, estamos em 2020, ninguém tem um vibrador?”. Sei que é delicado falar, não gosto de ficar escancarando a minha vida sexual... Só consigo me relacionar com quem eu confio, admiro e conheço, pelo menos, um pouco. Mas não julgo. Cada um vive de acordo com as suas escolhas. Essa é a minha.

Você é do tipo que gasta ou poupa?

Gasto muito, e isso é um problema. Tenho que trabalhar diariamente a minha conscientização sobre dinheiro. Eu cresci com a minha mãe administrando isso para mim. Pulei fases essenciais para aprender a administrar os ganhos. A minha consultora financeira me perguntou o que, envolvendo dinheiro, me fazia feliz. Não sabia colocar em ordem de importância, mas listei: a minha segurança e a da minha família em saúde, filantropia, viabilização dos meus projetos artísticos, viagens e imprevistos. Daí, comecei a aprender que precisava abrir mão de algumas coisas que não cabiam no meu orçamento...

Tem consciência de seus privilégios?

Sim, tenho muita consciência dos meus privilégios. O que não quer dizer que tudo sempre foi muito fácil, mas, enfim, talvez por isso, sinto a necessidade de usar minha voz para lutar contra tudo que está errado. Acredito que quanto mais privilégio você tem, maior sua responsabilidade. Se já é difícil para quem tem privilégios, imagina para quem não tem. O mais importante é sempre manter a escuta aberta.

O que você fez para olhar além do seu confortável mundo?

Sempre estive em contato com pessoas de diferentes realidades. Não nasci nessa bolha de privilégios, nasci em Duque de Caxias. Saí da Baixada com 9 anos de idade, meus pais têm uma história e um background completamente diferentes do meu. Então, cresci com o olhar voltado para o outro.

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