Paulista de alma carioca, Gianne Albertoni é expressão da multiplicidade feminina. Modelo, atriz, apresentadora e jornalista, ela agora se prepara para um dos maiores desafios de uma carreira tão plural: viver a icônica e excêntrica Elke Maravilha no cinema.
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“Eu sempre fui muito fã da Elke, achava ela o máximo”, revela Gianne Albertoni em papo exclusivo com o iG Gente. “É muito difícil quando você tem que dar vida para alguém que já existiu. Eu tentei buscar a essência dela”. Elke Maravilha é parte importante da trajetória de Aberlardo Barbosa, recriada no filme “Chacrinha: O Velho Guerreiro” , que estreia nos cinemas em 25 de outubro.
Escrito por Claudio Paiva e dirigido por Andrucha Waddington (“Casa de Areia”), o longa traz Stepan Nercessian e Eduardo Sterblitch interpretando as duas fases da vida de Abelardo Barbosa. O filme mostra sua chegada ao Rio de Janeiro vindo de Pernambuco, onde estudou dois anos de medicina, mas largou a faculdade para se aventurar como locutor de rádio. O apelido Chacrinha surgiu depois de conseguir emprego na Rádio Clube Fluminense, localizada numa chácara da cidade, onde posteriormente lançaria o Cassino do Chacrinha.
A benção de Elke
Gianne conta que se preparou com os préstimos de seu coach Fernando Vieira. Foram dois meses de intensa pesquisa e mergulho na vida de Elke, além da internet, nos pouco documentados anos 70 e 80. “Eu fiquei dois meses respirando a vida dela para tentar entendê-la”, explica a loira de 1,80m e beleza hipnótica.
A atriz conta que seu parceiro de cena, Stepan Nercessian, que era amigo de Elke foi uma fonte valiosa de consulta entre takes. Ela reforça, ainda, sua generosidade como ator. "A caracterização levava cerca de três horas", calcula. Indagada sobre quando finalmente começou a se sentir Elke, Gianne recorda de “uma parada sinistra”.
“Foi no primeiro dia em que a gente foi filmar, sabe? Não era mais eu”, introduz com certo ar de ansiedade. "A primeira cena que eu filmei foi o velório da mãe do Chacrinha e era no cemitério e tal e era uma cena muito forte. Eu estava lá me concentrando e aí veio um cara que trabalha lá e me disse: ‘você sabia que a Elke está aqui?'”
Gianne dá um salto na cadeira, leva as mãos ao rosto como quem tenta conter o sentimento de incredulidade que volta com toda a força. “’Você não faz um troço desses comigo. Agora eu não vou conseguir filmar sem ir lá falar com ela’”, recorda-se de retrucar seu interlocutor. E ela foi. E chuvia torrencial e constantemente. “Parecia cena”, rememora com fôlego já esbaforido. “Pedi, conversei com ela, pedi licença” conta a atriz que classifica, não só essa experiência, como a cena que filmou na sequência, como “incrível”. “Espero que ela goste”.
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Mil mulheres em uma
Em dado momento da conversa com o iG , Gianne rememorou seus ensaios sensuais para a revista VIP , em 2009, e para o Cover Model , em 2016. “Aquele foi o ensaio inaugural do canal. Foi muito bacana”, recorda antes de confirmar o desejo de fazer um novo. “Eu já conhecia o André (Jalonetsky, diretor do ensaio e Publisher do iG ) de um trabalho na Maxim e tudo correu maravilhosamente bem”, relembra entre risos.
Gianne narra que aprendeu a lidar com o próprio corpo e que hoje é uma mulher muito segura de sua sensualidade. Algo que parecia distante quando começou a modelar, aos 13 anos, e lhe sugeriam sem qualquer sutileza para “fazer uma cara sexy”.
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Modelar, aliás, foi algo que surgiu por acaso em sua vida, mas que mostrou seu tino empreendedor. Gianne se lança em desafios com a obstinação dos líderes e a coragem dos gladiadores. Com a nobreza dos humildes, credita à família e aos profissionais que a acompanharam desde cedo essa formulação de caráter e postura.
A palmeirense pontua, todavia, que foi exitosa na moda em um momento em que o mercado ainda era emergente no Brasil. “Não existia fashion week naquela época”. Foi a carreira, no entanto, que a levou para Milão, Roma, Paris e Nova York, alguns de seus lugares preferidos no mundo.
O olhar de Gianne Albertoni
Rio de Janeiro e São Paulo, no entanto, têm lugar especial em seu coração. Para ela, é uma bobagem essa rivalidade de biscoito e bolacha. “Eu funciono aqui, mas o Rio é outra parada”, admite com um sorriso que revela sua alma.
Aos 37 anos ela diz estar confortável com a crítica. Ser receptiva a ela. Justamente por isso prefere se abster desse conflagrado ambiente político em que tantos dão opiniões sem serem consultados, inclusive famosos. “As redes sociais estão até chatas”, observa. Para ela, a facilidade do acesso à informação deve municiar eleitores a um voto mais consciente. Ela não se sente autorizada a influenciar esse voto. “As vezes a pessoa tem pontos de vista diferentes do meu”, repara.
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Empolgada com a estreia de “Chacrinha: O Velho Guerreiro”, Gianne Albertoni , que ainda não viu o filme pronto, muito humildemente reverencia a personagem que pode abrir novos horizontes em sua carreira como atriz. “A Elke foi um dos trabalhos mais incríveis que eu já fiz. Foi uma honra e foi muito legal”.