Depois de conquistar o Brasil com o “Show das Poderosas”, Anitta tirou o ano de 2017 para preparar sua dominação mundial. No Brasil só deu ela, que emendou um sucesso em outro e encerrou o ano com em alta com Vai, Malandra .
Em setembro de 2017 ela havia anunciado o “Check-Mate”, projeto que consistiria no lançamento de uma nova música e clipe por mês. O primeiro single foi Will I See You . Cantada em inglês, produzida por Poo Bear e com uma pegada bem diferente, MPB, o single dividiu opiniões e deixou a dúvida se essa seria a “imagem” de Anitta no exterior.
Leia também: O enigma Anitta: Por que os empresariados pela cantora não decolam?
Mas logo seguiram Is That For Me , com Alesso, Downtown com J Balvin e enfim o funk “ Vai, Malandra ”. A cantora também fez uma parceria com Nego do Borel e Wesley Safadão, Você partiu meu Coração , que dominou as rádios, e lançou Paradinha , outro hit, com clipe gravado nos EUA, além de Sua Cara com Pabllo Vittar e Major Lazer.
Anitta virou símbolo de empoderamento e se tornou um ídolo pop nacional com capacidade para tentar bater de frente com as divas internacionais, mostrou suas celulites, apresentou programa ao vivo no Multishow, se apresentou no programa de Jimmy Fallon ao lado de Iggy Azalea, participou da superprodução que foi o clipe de Machika , viu as filhas da Madonna dançarem ao som de sua música e lotou Copacabana na virada do ano. Ufa!
A cantora fez e não foi pouco. Investiu no inglês e no espanhol e “se mostrou” da melhor maneira possível, fazendo sua imagem e sua carreira serem notadas. Com as sementes plantadas em 2017, 2018 deve (ou deveria?) ser o ano da colheita.
Mas, junto com mais alguns lançamentos, um pouco menos celebrados que os anteriores, vieram algumas “escorregadas” que afetaram a imagem da cantora.
Leia também: Pasteurizada, Anitta corre mais riscos do que o necessário para penetrar nos EUA
Cansou?
Fato é que desde o lançamento de “Bang” em 2015 (sim, seu último álbum é de 2015), Anitta não saiu da mídia. Toda semana tem uma aparição, uma entrevista, uma parceria ou um lançamento que a deixam em evidência. Para quem quer manter seu nome, isso é bom, mas cansa.
Depois do “Check-Mate” a cantora foi perguntada diversas vezes sobre seus próximos passos e as respostas foram as mais diversas possíveis: rap, hip-hop, música infantil, todas essas ideias foram ventiladas por ela. Mas, estamos em junho e até agora, nada novo.
Você viu?
Depois do fim de seu programa no Multishow ela ganhou outro este ano, “Anitta Entrou no Grupo”, que não teve o efeito esperando. O programa é muito parecido com o anterior, com convidados cantando com a cantora, além de algumas brincadeiras e interações que não tem nada demais.
Além disso, ela lançou mais uma música com Wesley Safadão ( Romance com Safadeza ) e outra em espanhol ( Indecente ). Tudo isso parece um replay de 2017, com um aspecto negativo: suas palavras fora da música têm incomodado.
Leia também: Historiador faz duras críticas à Anitta: "Decadência do Brasil"
As “escorregadas” de Anitta
A primeira delas, a talvez a menor, tenha sido a “questão da hanseníase”. Anitta usou a palavra para designar as pessoas que ela não gostava e foi criticada por seu preconceito na internet. Mas, na verdade, a cantora havia errado na gramática mesmo, e queria dizer “ranço”.
No final de abril ela se envolveu em outra polêmica. Depois de declarar ser feminista , ela “deu para trás” em uma entrevista, dizendo que era a favor de direitos iguais, discurso muito usado por mulheres que preferem não se comprometer com o feminismo nem levantar nenhuma bandeira. O caso incomodou os fãs, principalmente por que ela tinha dito que era feminista, com todas as letras, meses antes. Ela chegou a esclarecer a questão, dizendo que foi mal interpretada e que era feminista sim.
Mas, o principal fator que diminuiu sua confiança com as pessoas foi uma tragédia: a morte da vereadora carioca Marielle Franco em março. Anitta foi uma das poucas artistas relevantes que não se pronunciou sobre o assunto imediatamente, e foi cobrada pelos fãs.
A cantora, claro, não é obrigada a imprimir suas opiniões políticas, mas, como bem lembrou o jornalista Guilherme Guedes, ela se aproveitou da imagem da favela para promover “Vai, Malandra”, mas se manteve em cima do muro ao falar de “ uma mulher, como ela. Negra, como ela. Da periferia do Rio de Janeiro, como ela ”.
Leia também: Anitta sobre críticas à apropriação cultural em Vai Malandra: "Cresci na favela"
Para piorar, quando ela se manifestou, disse que preferia se pronunciar depois, “daqui uns três meses” quando tudo isso fizesse mais sentido para ela, Anitta. O comentário não pegou bem para sua imagem.
Anitta está em uma ascendente, isso é fato. Porém, nos últimos meses suas ações têm ficado repetitivas e sua imagem cansada. É quase como se ela não quisesse mais que a gente gostasse dela.