Novelas de Glória Perez são sinônimo de polêmica. A autora sempre retrata assuntos delicados e, muitas vezes, com uma linha tênue entre o certo e errado. Esse, talvez, é um dos principais trunfos de Perez, tratar de assuntos que nos deixam em dúvida sobre qual a solução ideal, o que é moralmente aceitável e o que não é. Ainda assim, a autora sempre traz temas que geram visibilidade para certas questões, como doação de órgãos, abuso de drogas e sexualidade.
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Glória Perez começou a carreira com sua mentora Janete Clair , com quem colaborou em “Eu Prometo”. Em seguida, ela foi parceira de Aguinaldo Silva em “Partido Alto” (1984).
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“Carmem”
A primeira novela escrita inteiramente por Glória foi exibida na extinta TV Manchete , em 1987. “Carmem” trazia temas como o feminismo e religiosidade, ao mostrar a personagem principal, interpretada por Lucélia Santos, fazer um pacto de sangue com uma pomba-gira, oferecendo sua alma em troca para se vingar do homem que amava.
“Barriga de aluguel”
Esse foi o primeiro folhetim que Glória assumiu sozinha, e o primeiro a trazer temas polêmicos. A trama principal gira em torno de Zeca (Victor Fasano) e Ana (Cássia Kis), um casal que já tentou de tudo para ter um filho, mas sem sucesso. Eles decidem contratar uma barriga de aluguel, a jovem Clara ( Cláudia Abreu ), moça pobre que aceita 30 mil dólares para carregar o bebê do casal. A polêmica vem, porém, quando Clara decide que quer ficar com a criança, gerando diversos conflitos morais e legais em torno da barriga de aluguel. A polêmica se mantém até o final pois o último capítulo termina sem a sentença final do juiz em relação a quem deve ficar com a criança.
“De corpo e alma”
Glória sempre gosta de incluir temas inusitados em suas novelas e “De Corpor e Alma” teve aos montes. A trama principal envolve Diogo (Tarcísio Meira), que se apaixona por Betina. Essa morre logo no começo do folhetim, e seu coração é transplantado em Paloma (Cristiane Oliveira). O tema da doação de órgãos foi tão marcante que na época, o INCOR (instituto do Coração) em São Paulo recebeu nove órgãos para transplante somente na semana de estreia da novela. O núcleo envolvendo um stripper no Clube das Mulheres também teve muito destaque, e aumentou a fama da casa noturna de São Paulo.
Para completar, uma polêmica pessoal de Glória Perez também abalou as gravações. Sua filha, Daniella Perez, que interpretava Yasmin, foi assassinada pelo colega de elenco, Guilherme Pádua. Leonor Bassères e Gilberto Braga assumiram a autoria do folhetim, mas Glória retornou uma semana após a morte da filha.
“Explode Coração”
Outro hábito comum de Perez é incluir culturas, tribos e religiões diferentes em suas novelas. “Explode Coração”, que estreou em 1995, tinha parte do seu elenco interpretando ciganos. Uma de suas novelas mais populares, “Explode Coração” fez sucesso principalmente pelo cigano Igor (Ricardo Macchi).
Ainda nas polêmicas, a novela fez uso da internet para apresentar um de seus casais principais, a cigana Dara (Tereza Seiblitz) e do executivo Júlio (Edson Celulari). Em 1995 a ferramenta, hoje tão comum, ainda não tinha muitos adeptos no país, e os telespectadores ficaram surpresos, já que uma relação cibernética parecia quase impossível na época.
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“Pecado Capital”
Em 1998 Glória Perez refez um sucesso de sua mentora, Janete Clair. Seguindo a trama original, poucas mudanças foram feitas na versão de Perez, com exceção da relação entre Lucinha (Carolina Ferraz) e Salviano (Francisco Cuoco), que foi alterada por conta de um desentendimento entre os atores nos bastidores.
Sendo assim, Salviano terminou a novela com Laura (Vera Fischer), uma personagem que não existia na novela original. Na primeira versão Lucinha e Salviano terminam juntos, enquanto no folhetim de Glória, o personagem de Cuoco casa com Laura, enquanto Lucinha sofre pela morte de Carlão (Eduardo Moscovis).
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“O Clone”
Uma das novelas de maior sucesso da autora, “O Clone” foi ao ar em 2001, com direito a várias polêmicas: drogas, clones, questões religiosas. A temática islâmica foi bastante explorada, com as personagens de Jade ( Giovanna Antonelli ) vivendo uma mulçumana do Marrocos que se apaixona por Lucas (Murilo Benício), e quer se livrar de um casamento imposto e viver seu grande amor livremente.
Já a história que dá nome a novela é comandada por Albieri (Juca de Oliveira), médico geneticista, que decide clonar o personagem de Lucas, após a morte de seu irmão gêmeo Diogo, o que leva ao nascimento de Léo. A confusão é levada a justiça quando o pai de Diogo e Lucas, Leônidas (Reginaldo Faria) luta pela paternidade de Léo.
Por fim, outro tema relevante foi a dependência química de Mel ( Débora Falabella ), filha de Lucas e Maysa (Daniela Escobar). A jovem acaba entrando para o mundo das drogas com os amigos Nando (Thiago Fragoso) e Regininha (Viviane Victorette). Durante seu vício, ela assalta um ônibus, coopera em um roubo a sua própria casa, sofre um aborto espontâneo e põe sua vida e do bebê em risco em uma segunda gravidez.
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“América”
Em “América”, de 2005, Glória Perez troca o Marrocos pelos EUA. A novela conta a história de Sol ( Déborah Secco ), que sonha em viver no país norte-americano em busca de melhores oportunidades. Ela decide entrar no país ilegalmente e acaba presa por porte de drogas. Entre idas e vindas do país, ela conhece Ed (Caco Ciocler), que aceita se casar com ela afim de conseguir o “green card”.
Amércia também mostrou o casal Haydée (Cristiane Torloni) e Glauco (Edson Celulari), que aparentavam ser uma família feliz, mas enfrentavam muitos problemas. Haydée era cleptomaníaca e o marido se envolveu com a ninfeta Lurdinha (Cléo Pires). Além disso, a filha Inês (Mariana Ximenes) não ligava para a família e ignorava os problemas na mãe.
Mas um dos assuntos mais comentados foi a relação entre o jovem fazendeiro Júnior (Bruno Gagliasso) e o Peão Zeca (Erom Cordeiro). Em um ambiente extremamente machista e preconceituoso, eles sofreram para assumir seu amor. No final da novela, deveria acontecer o primeiro beijo gay da dramaturgia, mas a cena foi vetada pela Rede Globo.
"Caminho das Índias"
“Caminho das Índias” nos introduz a cultura indiana, o sistema de castas ainda adotado nas partes mais periféricas do país, e o amor impossível. A trama sofreu uma grande virada já que, inicialmente, o casal principal deveria ser formado por Maya ( Juliana Paes ) e Bahuan (Marcio Garcia). Porém, a história de amor fica por conta de Maya e Raj ( Rodrigo Lombardi ).
Além da exploração da cultura indiana, “Caminho das Índias” teve como destaque a história de Tarso ( Bruno Gagliasso ), que sofre de esquizofrenia. Em uma bela atuação do ator, a novela se preocupa em mostrar os sintomas da doença e seu tratamento.
“Salve Jorge”
Mantendo a tradição de manter um núcleo da novela em outro país, “Salve Jorge” se dividia entre Rio de Janeiro e Capadócia, na Turquia , e mostrou um dos temas mais polêmicos das novelas até hoje: tráfico de pessoas . Morena (Nanda Costa) é uma das muitas jovens levadas para fora com a promessa de trabalho, somente para acabarem escravizadas e prostituídas.
Tentando desmascarar a quadrilha envolvida nesses crimes e que tem como chefe Lívia (Cláudia Raia) está a delegada Helô (Giovanna Antonelli). No decorrer da história, ela se torna delegada federal e é encarregada de investigar Lívia.
“A Força do Querer”
O novo folhetim de Glória Perez tem tudo para seguir as polêmicas da autora. Caio (Rodrigo Lombardi) vai enfrentar questões morais ao descobrir que seu amor do passado, Bibi (Juliana Paes) virou uma criminosa. Zeca (Marco Pigossi) será um machão que confunde amor e obsessão e tem uma relação complicada com Ritinha (Ísis Valverde) e depois com Jeiza (Paola Oliveira), mulher independente que sabe se defender. “A Força do Querer” terá ainda uma personagem transexual que irá passar pela transformação durante o folhetim.
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