Grupos com pensamentos diferentes se formaram, e edição parece querer se beneficiar em cima disso, por enquanto sem sucesso na audiência
Ao selecionar os candidatos para o “BBB 19”, a Rede Globo procurou perfis que estão alinhados com o momento atual brasileiro: a turma do “tudo é mimimi” e os “militantes do textão”. Essas designações, claro, são simplórias, mas de maneira geral mostram a divisão que já se formou na casa na primeira semana de jogo.
De um lado, pessoas que tentam quebrar alguns tabus e mostrar que o que antes era piada hoje pode ser ofensivo para alguém, e de outro os que acham que não pode fazer mais piada de nada. Essa dinâmica tem tido efeito na internet. Desde que estreou na terça-feira (15), o “ BBB 19 ” tem sido muito comentado nas redes.
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Enquanto algumas atitudes e conversas são lembradas, outros reclamam que não assistem o programa para discutir assuntos polêmicos, mas para se divertir. A Rede Globo parece estar “surfando” nessa onda. Na internet, parte do grupo considerado militante, formado por Gabriela, Rízia e Hana tem sido chamado de “fadas empoderadas”.
Os assuntos que elas debatem e defendem, claro, são pertinentes, mas essa não é a primeira edição que assuntos desse tipo (como representatividade e racismo institucional) são tratados. Em 2018 Nayara foi a quarta eliminada e, ao deixar a casa, ouviu de Tiago Leifert que “ representatividade não leva a nada ”: “Deixa eu falar a real para vocês: ninguém aqui fora deu uma procuração para vocês representarem ninguém. Vocês não tem certeza nenhuma aí. Esse mesmo grupo que você diz representar hoje, não tá votando para você sair? Como vão saber?”, comentou ao anunciar sua saída.
O que mudou, então, em 2019? Talvez a lógica do tal “fogo no parquinho” que eles gostam tanto de falar. Deixar que esses temas e representações sejam abordados permite que os personagens discordem e criem outros tipos de conflitos. Se em 2002 a gloriosa Tina botou a casa abaixo achando que alguém tinha roubado seu boné, talvez em 2019 os motivos de discussões precisem ser mais elaborados.
Nova estratégia no “BBB 19”
Uma semana não é suficiente para saber se uma edição é sucesso ou não, mas surgem alguns protagonistas que acabam sendo observados de maneira mais aprofundada. Isso já aconteceu nessa edição, desde Paula, sua voz e sua vitória na prova de resistência, até Rodrigo e a injustiça do ronco.
Mas nada disso ainda se refletiu em audiência. O programa estreou com média de 22 pontos, enquanto a edição 2018 bateu a casa dos 30 na chegada dos participantes a casa. Em compensação, a edição que sagrou Gleici vencedora perdeu muita audiência na segunda semana, atingindo sua pior marca do ano, 13 pontos. A média semanal, porém, foi quatro pontos acima do que a edição atual.
Isso reflete em soluções que parecem “improvisadas”, como o quarto dos desafios. Mesmo ainda não mostrando resultados práticos, essa estratégia de ressaltar a divisão continuará sendo a aposta da edição, pelo menos por enquanto.
Na tarde de terça-feira (22) Danrley e Rodrigo tiveram uma conversa emocionada sobre suas famílias, e no Twitter esse virou o assunto principal, com as pessoas comentando de forma positiva a troca entre os dois. À noite, durante a atração ao vivo, essa cena foi mostrada pois, de acordo com Tiago, foi um “momento fofo”. De fato foi, mas o que essa cena significa para a edição ao vivo? Parece uma necessidade de agradar ao público on-line, sem realmente criar nenhum conflito.
O próprio diretor geral da atração, Boninho, parece querer colocar mais lenha nessa “fogueira” (que está mais para faísca). Em seu Twitter, ele comentou na tarde de quarta-feira que está planejando um clima “vilamix x gaiola” para a próxima festa. Curiosamente, Villa Mix, nome de uma casa noturna em São Paulo, é um dos apelidos do grupo formado pelos que evitam os debates, enquanto os outros são chamados de "Baile da Gaiola".
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Se não der resultado logo, essa estratégia deve ser mudada logo. Usar conflitos s pode ser positivo, mas se eles de fato existirem. Se isso se provar um beco sem saída, é bom a atração começar a pensar em outra maneira de fazer o “BBB 19” pegar fogo. Se não, os números não devem melhorar.