Billie Eilish lançará livro de fotografias e um audiobook
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Billie Eilish lançará livro de fotografias e um audiobook

Dois anos atrás, quando lançou seu álbum de estreia, “When we fall asleep, where do we go”, a americana Billie Eilish era anunciada pelo site inglês “New Musical Express” como “a adolescente mais comentada do planeta”. De lá para cá, a força das canções do disco a ajudaram a chegar ao posto de estrela da música pop de primeira grandeza. E, com isso, vieram todas as benesses mas também as agruras que acometem as grandes celebridades: tédio, solidão, assédio, desamor... experiências que ela transformou em excelentes canções, reunidas em “Happier than ever”, o seu segundo álbum, que ganha o streaming na madrugada desta sexta-feira.

Em claro formato de diário, o disco da Billie Eilish na maturidade de seus 19 anos é um bocado mais do voz-no-ouvido de seu primeiro álbum, disposto ao longo de um conjunto de 16 faixas. Pode parecer exagero, mas ela não está aí para encher linguiça: sua produção com o irmão Finneas é o que de mais sincero e sofisticado a que se pode chegar no muito calculado e descartável pop da indústria em 2021. Mesmo quando investe em formatos mais convencionais, Billie consegue ser incomum, com sonoridades estranhas e impactantes, além das finas observações sobre a existência.

“Happier than ever” abre com o pop barroco eletrônico de “Getting older, em que ela começa a exorcizar os seus demônios (“fiz coisa que não queria / e que estava com medo de te contar / mas acho que agora é a hora”), seguida de “I didn’t change my number”, um malévolo r&b, com bateria seca, órgão e baixão ameaçador. A cantora não relaxa nem mesmo na “Billie bossa nova”, uma bossa mutante, cheia de malícia na letra (“não sou sentimental / mas tem algo no seu jeito esta noite, humm!”), que combina bem com a faixa seguinte, “My future”, um daqueles r&bs que Billie sabe bem torcer para caber nas suas sinuosidades de intérprete.

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A referência da Bjork e da Madonna eletrônica dos anos 1990, evidentes em seu primeiro álbum, ressurgem agora em “Oxytocin” e nas faixas emendadas “Not my responsability” (sobre a imagem que as pessoas têm dos seu próprios corpos) e “Overheated”. O single “NDA” (que lembra muito o clima de “Closer”, sucesso do Nine Inch Nails nos 90) e “Therefore I am” apresentam o lado mais rap de Billie Eilish, em versos duros sobre as armadilhas do estrelato para quem tenta sobreviver ao fim da adolescência. Já em “Lost cause”, com seu groove lento, baixo e bateria, ela experimenta um pouco de sarcasmo: “eu sei que você se acha um fora-da-lei / mas você não tem emprego”.

“Happier than ever” também é rico em baladas, como “Haley’s comet” (que faz imaginar uma espécie de Adele gótica) e a ambient “Everybody dies”. E reúne três pérolas folk: “Your power” (de qualidade sentimental que beira Lana Del Rey), a faixa-título (que apenas começa como balada, versando sobre relacionamentos tóxicos, antes de explodir num rock catártico, nirvânico) e “Male fantasy”, a derradeira do álbum com suas elucubrações sobre pornografia (“não aguento os diálogos / ela nunca ia ficar tão saciada / isso é fantasia masculina”). Mais uma vez, Billie Eilish tem muito o que dizer.

Cotação: Ótimo

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