Por trás da imagem de um imponente empresário, uma história realmente digna de novela. Humberto Martins vai se chamar Guerra em “Travessia”, próxima trama das nove da Globo, que estreia no dia 10 de outubro. Já no começo do folhetim, esse dono de uma construtora se apaixona por Débora — personagem de Grazi Massafera, que faz uma participação especial —, mas vai ser traído pela companheira com o seu melhor amigo e sócio, Moretti (Rodrigo Lombardi). Já separada, ela sofre um grave acidente de carro e morre logo depois de dar à luz. O ricaço é chamado às pressas na maternidade e assume a filha que sabe que não é sua. Assim como Guerra não resiste ao ver a pequena Chiara, vivida de Jade Picon, o veterano ator também se encantou de cara pela influenciadora, que agora estreia como atriz.
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— Em apenas dois dias, já comecei a amar Jade como filha. Essa menina é um prodígio! Não quero ser puxa-saco, mas já trabalhei com várias atrizes novinhas, fui pai de várias delas. Não estou criticando as outras, mas, comparando, ela tem algo a mais. Quer crescer, ser uma atriz, não é só ego e vaidade — garante ele, elogiando a novata que teve sua escalação para o projeto bastante questionada: — Tem sido ótimo trabalhar com ela. Parece que é uma profissional que já tem dez anos de carreira. Até me surpreende! Eu tenho que ficar atento, senão eu fico a assistindo em cena.
Se com a colega Humberto já se mostra “coruja”, com os filhos na vida real não é diferente... Pai de três, o ator diz que a paternidade era um sonho antigo seu:
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— Sempre quis ser pai e ter uma família. Eu me casei aos 24 anos com essa intenção. Já saí falando logo para a minha mulher que queria ter filhos, que não havia me casado para não ter. Sempre adorei crianças e jovens.
‘Só pensa no próprio bolso’
Não é a primeira vez que Humberto vive um empresário na ficção. Mas engana-se quem pensa que isso torna o trabalho mais fácil:
— Fica mais difícil não se tornar repetitivo. Claro que já carrego um pouco dos outros papéis, mas tem que ter algo a mais. Estou aprendendo durante as gravações como Guerra se comporta.
À frente da construtora, o principal objetivo do poderoso passa a ser o de vencer a licitação de venda de um dos casarões históricos de São Luís, no Maranhão, e construir no lugar um shopping center.
— Ele é um cara muito passional, um desbravador selvagem. Quer destruir o que é conservador, tornar o mundo moderno e apagar a história — dispara o ator, que completa: — Ele acha que o que imagina é um mundo maravilhoso. Pessoas egocêntricas são assim. Elas não veem as consequências para a humanidade. Guerra só pensa no próprio bolso.
Com Gloria, até pipoqueiro
Fora da TV desde 2019, quando atuou em “Verão 90”, Humberto conta que o convite para “Travessia” veio diretamente da autora Gloria Perez. O ator, que atualmente mora em Orlando, nos Estados Unidos, aceitou este sem titubear.
— Falei para Gloria que pelo tanto que ela significa na minha vida e pelo tanto que fez por mim por meio dos personagens, eu faço até o pipoqueiro da esquina (risos) — brinca ele, que continua: — Teria certeza de que esse pipoqueiro seria muito interessante, com uma história consistente. Todos brilham nas novelas de Gloria. Nenhum núcleo fica esquecido. Eu me sinto privilegiado por ter tido a preferência dela. Mais do que apadrinhado, eu me sinto um filho.
Aos 61 anos, sendo mais de 30 de carreira na TV, Humberto já trabalhou outras vezes com Gloria, como em “América” (2005), “Caminho das Índias” (2009) e “A força do querer” (2017). Foi também com a autora que o ator fez uma de suas primeiras novelas, “Barriga de aluguel” (1990). Ele relembra, com humor, os bastidores desse antigo trabalho.
— Tive a oportunidade de ser João, o caminhoneiro. Era um galã. Mas aí me veio uma concepção do personagem completamente equivocada por parte da produção. Queriam me colocar igual a George Michael, com brinco de cruz e um cabelo nada a ver. Como sou da área, de Nova Iguaçu, falei: “Gente, um caminhoneiro de Acari não é assim, não. Vamos para a realidade”. Desde novo, eu sempre tive essa personalidade — diverte-se ele, que deu seus primeiros passos na profissão ainda como figurante, na novela “Carmem”, da extinta TV Manchete (1987), também escrita por Gloria: — Contracenei entrevistando Camilo, personagem de José Wilker, como um repórter. Ali eu já estava batalhando. Hoje, posso dizer que tenho uma carreira. Mas antes eu não falava isso, só dizia que tinha uma trajetória. As novelas repercutiram na minha vida pessoal, com todos os benefícios que vieram por meio dos trabalhos. Isso se expandiu para toda a minha família em termos de conforto de vida.
Além do modelo de trabalho que vem mudando, o ator observa as diferenças que encontrou no set de gravação ao voltar para uma obra aberta depois da chegada do coronavírus à vida de todos.
— Sinto um certo resguardo. As pessoas ficam mais de longe, com medo, os cumprimentos estão mais restritos. O mundo não é mais o mesmo, as relações não são mais as mesmas. Isso é notório, perceptível — reflete.
+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.