Leandro Leal Dias Bastos
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Leandro Leal Dias Bastos

Enquanto assistia ao “Domingão com Huck”, anteontem, na casa da avó em Pilares — bairro da Zona Norte do Rio onde nasceu e foi criado — , Leandro Leal Dias Bastos, de 29 anos, ouviu um grupo de pessoas gritando seu nome artístico do lado de fora. "Veio um som da rua assim: 'Angola! Angola!'. Do nada, como se fosse um bloco de carnaval, umas 20 pessoas invadiram a sala, numa avalanche de amor. Aquele cara sério e introspectivo, que sempre quer se mostrar forte, desabou. Eu me entreguei a esse carinho. Sou grato e só quero devolver essa emoção nas minhas letras, pra inspirar outras pessoas", emociona-se o rapper ao contar, por telefone, ao Sessão Extra, a repercussão de sua aparição no programa da TV Globo.

Às voltas com o lanche do pequeno Lírio, seu filho de 4 anos com a professora Stéphanie Alves Evangelista, de 31, ele se preparava para mais uma madrugada de trabalho duro na limpeza dos Estúdios Globo, em Jacarepaguá. Há dois anos e meio, das 21h às 6h, Leandro varre e organiza os cenários em que sempre sonhou estar sob os holofotes. No último domingo, o sonho se tornou realidade: o carioca cantou ao lado de Iza e recebeu mensagem e incentivo de seu ídolo, Emicida. "Ela se mostrou animada para gravar comigo a música que apresentamos juntos, 'Insígnia sagrada'. E ele está empenhado na minha volta à universidade. Estou em contato com uma representante do Emicida, que tem me orientado sobre a bolsa de estudos que ele conseguiu pra mim. Eu cursava Engenharia de Produção na Estácio de Sá e precisei trancar; agora, quero voltar para a faculdade, mas num curso que tenha a ver com o audiovisual e que me prepare ainda mais para viver da minha arte", conta Leandro, que em um dia fechou parceria com uma joalheria e com um dentista: "Eu estava precisando dar um trato nos dentes".

Em 24 horas, uma revolução aconteceu também nas redes sociais do artista: ele ganhou nada menos do que 100 mil seguidores no Instagram. E alguns perfis fakes, por conta da grande visibilidade na televisão. "Eu tinha quase 2.100 seguidores até domingo, acredita? Um limbo terrível! Minha luta era para que esse número não caísse, ficava contando de um em um. Até comecei a juntar um dinheirinho para investir na divulgação, mas fiquei dividido entre pagar a propaganda ou os clipes, que não saem por menos de R$ 2 mil. De repente, milhares de pessoas me notaram. Que magnetismo é esse?!", admira-se o rapaz.

Angola conta que "tem single pra caramba, dá pra lançar dois ou três álbuns facilmente". "Tenho muitos cadernos, sempre li e escrevi muito. Eu vou dividir esse material entre uma mixtape, um EP, um álbum e um CD. Cada um pode ser trabalhado entre seis meses e um ano. Eu me organizei para quando essa oportunidade grande aparecesse, fiz um plano de carreira na música", avisa ele, que já abriu a agenda de shows para 2022, com sondagens para apresentações não só no Rio, mas também em Porto Alegre, Vitória, São Paulo e Belo Horizonte, segundo seu produtor.

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"Eu sempre era encaixado num grupo de artistas, nunca era o principal. Agora, vou ser o cara de destaque, é um momento especial. Eu fico até com vergonha de contar, mas meus cachês variavam de R$ 300 a R$ 700. Depois disso tudo, acho que posso pedir pelo menos de R$ 3.000 a R$ 5.000 por performance. Quero chegar num patamar de estabilidade, poder me dedicar e viver só da música. Nasci pra isso. Só estou trabalhando em outra área por necessidade.

Espelho

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Além das semelhanças de nome e musicalidade com Emicida (o rapper paulistano também se chama Leandro), o carioca conta que costuma ser confundido com o ídolo pela aparência: “Eu queria ter a chance de dizer ao Emicida que sou o cara do Cabaret Kalesa (casa noturna no bairro Saúde). Fui a uma festa de hip hop lá, e ele ficou me olhando fixamente do palco, provavelmente pensando o mesmo que eu: ‘Esse cara parece muito comigo!’ (risos)”.

Fã mirim

Leandro conta que o filho Lírio é “fã número 1 de Iza”: “Ele me viu ao lado dela na TV e ficou perguntando: ‘Como meu pai entrou na TV?’, ‘Ele é amigo da Iza?’, ‘Por que ela não vem em casa?’”.

Sonho e oração

“Sonho é uma oração a realizar. E oração é orar, falar e fazer. Eu aprendi que a roda do bem existe e se você faz ela girar, entra num ciclo de boas coisas”, filosofa Angola.

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