Cristiana Lôbo era comentarista da Globonews
Reprodução/Globo
Cristiana Lôbo era comentarista da Globonews


A jornalista e colunista de política Cristina Lobô morreu nesta quinta-feira (11) em decorrência de um mieloma múltiplo, agravado por uma pneumonia contraída nos últimos dias, informou a GloboNews. Ela tinha 63 anos e estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Cristiana atuou no jornalismo por mais de 30 anos. Ela começou a carreira cobrindo a política do estado de Goiás, até se mudar para Brasília. A jornalista também passou pelo jornal O Globo, onde foi setorista do Ministério da Saúde e trabalhou na coluna Panorama Político. Cristiana também trabalhou no Estadão. 


A jornalista estreou na GloboNews em março de 1997. Naquele mês, passou a integrar o time de comentaristas do Jornal das Dez, além de marcar presença nos telejornais da casa. Comandou também o programa Fatos e Versões e a coluna os Bastidores da Política, no G1.





Doença

Cristiana Lôbo tinha um mieloma múltiplo, que é o câncer de um tipo de células da medula óssea chamadas de plasmócitos, responsáveis pela produção de anticorpos que combatem vírus e bactérias. No mieloma múltiplo, os plasmócitos são anormais e se multiplicam rapidamente, comprometendo a produção das outras células do sangue.

Trajetória

Cristiana dos Santos Mendes Lôbo nasceu em Goiânia, em 1957, e se formou em jornalismo na Universidade Federal de Goiás. De acordo com o Memórias Globo, ela escolheu o curso para tentar realizar o sonho de ter um programa de música no rádio.

Começou cobrindo política em Goiás e, depois, em Brasília. Sua carreira tomou novos rumos quando passou a trabalhar para O Globo. Foi setorista no Ministério da Saúde, onde viu ser criada a carteira de vacinação, que ajudou a diminuir a mortalidade infantil no país, e depois passou para o Ministério da Educação. “Foi ali que aprendi que você tem de trabalhar de manhã até a noite. E nunca larguei disso”, conta.

A jornalistas fez a cobertura da campanha por eleições diretas no país, em 1984. “Naquele tempo, não existia celular, nem internet, a única coisa que havia era um telefone que você apertava e a redação ouvia. Eles pediam 15 linhas, e a gente tinha de fazer o retrato daquele momento”, recorda. O ritmo de trabalho não diminuiu no governo de José Sarney: “No dia em que foi editado o Plano Cruzado, de reforma da economia, eu tinha voltado da minha licença-maternidade. Saí de casa às 7h, voltei às 23h. Cheguei a ter febre. E nesse dia o bebê não mamou", contou ela ao Memórias Globo.

No governo Collor, Cristiana Lôbo lembra que as relações entre a cúpula e os jornalistas eram tensas. Um dia, no estreito corredor do prédio anexo do Palácio do Planalto, ela estava indo e o presidente voltando. A jornalista pensou: “Meu Deus, que sorte, vou fazer uma entrevista com o Collor.” Mas ele se virou para outro lado e a entrevista não saiu.

No jornal O Globo, ela trabalhou na coluna Panorama Político e na Coluna do Swann. E foi se especializando em notas curtas – o que a ajudaria, anos depois, no trabalho na televisão. Antes disso, após 13 anos em O Globo, Cristiana transferiu-se para O Estado de S. Paulo, onde assumiu a coluna política. E assim, como observadora de fatos e tendências, continuou acompanhando de perto a vida política brasileira:

“Tivemos uma ditadura que interrompeu a formação de novos políticos. Viemos de uma economia fechada em que até posto de gasolina era uma concessão pública. E isto significava ter amigos no poder. Hoje, novos personagens com ideal político ainda não se estabeleceram. Talvez venha agora com o que chamo de geração de netos: o neto de Tancredo Neves, o de Miguel Arraes, o de Antonio Carlos Magalhães e o de Mário Covas”.

A chegada na televisão se deu na GloboNews, fazendo análises políticas e, ainda, coberturas especiais, como a da eleição e posse da presidente Dilma Roussef, em 2010 e 2011. 

Na passagem do governo de Fernando Henrique Cardoso para o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiana contou que trabalhou duro: “Teve um dia em que fiquei no ar de manhã até a noite, porque a gente ia descobrindo quem é que saía e quem entrava. Era o paraíso para nós: notícia o dia inteiro. Para mim, melhor do que isso, só os filhos!”.

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