Na véspera do Dia da Consciência Negra (19), um homem negro, João Alberto, foi assassinado por dois seguranças brancos da rede Carrefour
. A morte desencadeou uma série de protestos pelo Brasil e, nesta segunda-feira (23), Fátima Bernardes dedicou o "Encontro" a pautas antirracistas.
Logo no início a apresentadora entrevistou uma das filhas de João Alberto que, emocionada, não pestanejou ao falar do pai. "Eu soube [da morte dele] quinta de noite, que me ligaram falando dos vídeos que estavam circulando pela internet. Foi horrível", disse Thaís.
Ao falar sobre o sentimento ao conferir o vídeo, Thaís não negou. "Eu senti raiva... aquilo ali não se faz com ninguém, a pessoa estando certa ou errada, não precisava de toda aquela agressividade deles [seguranças]".
Questionada se esperava a repercussão diante da morte do pai, a moça não escondeu. "Entendo que pela nossa cor muitas pessoas fariam isso, mas não cheguei a imaginar que aconteceria isso". Indagada se espera que os protestos provoquem mudanças no país, ela não pestanejou. "Espero que sim".
Após isso, Fátima levou os telespectadores direto para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para mostrar homenagens deixadas para João Alberto no Carrefour e cobrir a abertura do mercado após o ocorrido na última quinta.
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"Tem funcionários aqui, serralheiros consertando grades que foram quebradas. Pintores cobrindo pichações ali. Não tem muita gente entrando para comprar. Eu consegui conversar com Thaiã da Rosa, um pedestre que passou por aqui", disse o repórter correspondente.
"Já não é a primeira vez que acontece, uma vez que comprei aí dentro, eu entrei e eles [os seguranças] começaram a me encarar. Eu baixei a cabeça e deixei para lá. Isso dói muito", disse o pedestre à reportagem.
Além disso, o "Encontro" garantiu uma bate-papo com Felipe Freitas, um doutor em direito, que dissertou sobre o caso. "Infelizmente esse não é um caso isolado. O que aconteceu com João Alberto representa o cotidiano de toda uma população negra. É muito importante a gente reconhecer e se indignar. Independentemente do que houve, aquele grau de crueldade tem um complemento racial e aquele medo é o que as pessoas negras sentem".
"Várias pessoas negras já viveram uma experiência de sentir sobre si uma tipo de vigilância maior, isso já revela uma ilegalidade, um comportamento discriminatório", dissertou o doutor.
Em paralelo às reportagens, o "Encontro" também exibiu cenas dos protestos que foram realizados por diferentes regiões do país.