“O Sétimo Guardião” não explora melhor história e foca em mais do mesmo
Os guardiões são ponto alto da história e contam com excelente atores, mas foram ignorados na maior parte da novela em benefício de outras tramas
Por iG São Paulo |
O que faz de “O Sétimo Guardião” diferente de outras tramas? Exatamente os personagens peculiares que protegem a fonte em Serro Azul. Aguinaldo Silva prometeu realismo fantástico, a direção flertou com o terror logo no começo, mas aos poucos a trama Gabriel (Bruno Gagliasso)-Luz(Marina Ruy Barbosa)-Júnior (José Loreto) foi ganhando força e a novela se tornou mais uma história de mocinhas e bandidos.
A fonte estava lá e suas propriedades mágicas chamaram a atenção de Valentina (Lilia Cabral), mas a magia em si não estava presente. Não se trata de efeitos especiais, mas sim personagens diferentes e histórias que podem fugir um pouco da realidade sem causar estranheza. E “ O Sétimo Guardião ” não soube fazer isso.
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“A Indomada”, outra novela do autor com proposta similar, era interessante justamente por unir esses momentos mágicos com personagens e situações fantasiosas e peculiares. Mas ele optou por explorar (e mal) temas como gagueira , machismo , alcoolismo e sexualidade.
Se tivesse, desde o começo, apostado nos guardiães , talvez tivesse conquistado a audiência logo de cara. Zezé Polessa, por exemplo, é ótima em criar personagens distintas, fato que se destaca justamente quando ela trabalha com Aguinaldo, como a Amapola em “Porto dos Milagres”.
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Sua Milu, porém, ficou escondida boa parte da novela, e só ganhou destaque agora, que está prestes a morrer. Assim seguiram também Ondina (Ana Beatriz Nogueira) e Aranha (Paulo Rocha). Os outros guardiães tiveram mais destaque por conta de tramas paralelas, como o delegado Machado (Milhem Cortaz) e seu gosto por usar calcinhas, ou Feliciano (Leopoldo Pacheco) – que era um ótimo personagem coringas, mas também já foi eliminado.
Muitos núcleos e personagens tiram o foco das principais tramas, mas essas histórias paralelas não eram tão boas, muito menos tinham o realismo mágico prometido – ou mesmo sinais de boas comédias.
Além do triângulo amoroso principal, Aguinaldo Silva preferiu destacar os problemas de uma cidade pequena, como os fanáticos religiosos, e não soube aproveitar o time de primeiro escalão que tinham bem na sua frente.
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Os guardiães que dão nome a novela deveriam ser seu maior trunfo, mas ficaram relegados a chamar atenção só agora, quando estão na mira de um assassino em série. “O Sétimo Guardião” tinha todas as ferramentas para criar algo realmente original, e não soube aproveitá-las até o fim, correndo o risco de deixar esse grande elenco no esquecimento no futuro.