Se para alguns casais de atores trabalhar junto, ainda mais fazendo marido e mulher, é algo a ser evitado, para Débora Falabella e Murilo Benício é motivo de repeteco. Tanto que na minissérie “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, que estreia nesta segunda (15), os intérpretes de Isabel e Adriano voltam à cena como um par, assim como foram em “Nada Será Como Antes”, de 2016.
“Trabalhar com quem se gosta é muito legal, principalmente quando você admira o outro em cena. Então, por que não repetir parcerias que se dão bem dentro e fora da tela?”, diz a atriz. Murilo Benício confirma que os dois, casados, trabalham muito bem juntos e que confiam na opinião artística um do outro.
Tanto que, ao lerem o roteiro, eles perceberam que os novos personagens nada teriam a ver com Verônica e Saulo da série anterior, o que trouxe mais ímpeto à missão.
“Em 'Nada Será Como Antes', os dois eram apaixonados. Era mais do que uma historia de amor, era uma paixão avassaladora. Agora, Isabel e Adriano têm um relacionamento totalmente frio. Um desconhece o outro. A relação dela com ele é de medo, mais nada. Não existe amor”, revela Murilo.
Na história de Ricardo Linhares, baseada no livro homônimo de Edney Silvestre, Adriano é prefeito da fictícia São Miguel, que faz questão de pregar os valores morais e ostentar uma família perfeita. Isabel, a primeira-dama, segue a mesma linha, de mulher amantíssima e mãe zelosa de Cecilia (Marcela Fetter) e Vera Lúcia (Julia Svacinna). Só que nada é o que parece.
“Ela é uma mulher mergulhada nas aparências, mas por dentro está vivendo um furacão, um conflito. É um casal que dorme junto quase por conveniência. Isabel tem seus desejos, está sufocada dentro daquela casa, mas continua mantendo aquele quadro”, conta Débora.
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O prefeito de Benício em " Se Eu Fechar os Olhos Agora " também tem seus esqueletos no armário, já que está envolvido de alguma forma na morte de Anita (Thainá Duarte). O crime, logo no primeiro capítulo, aliás, é o estopim para que os segredos dos poderosos da cidade venham à tona.
“Tudo passa pelo prefeito. Ainda mais naquela época, anos 60, numa cidade tão pequena... Ele não é um cara bobo. De uma certa forma, está envolvido naquilo ali. Ele e mais um punhado de gente, porque pessoas como Adriano têm sempre o clã delas. A rede dessa intriga é grande”, garante o astro.
O que entristece os artistas é saber que muitas questões abordadas na história são, sim, o que parecem ser. E que se perpetuaram.
“Costumo dizer que os temas não são atuais, a gente é que está atrasado. A gente está carregando uma cultura, uma raiz podre há muito tempo. É difícil acreditar que vivemos hoje com feminicídio, racismo, preconceito, desrespeito às opções de quem quer que seja... É muito difícil entrar na minha cabeça. A gente está muito ultrapassado, tudo isso é velho”, aponta Benício.
A atriz também percebe essa conversa da série com os dias atuais, o que caracteriza “uma sociedade que muitas vezes anda em círculo”.
“O que mais me assusta é ver essa sociedade voltando a ser tão conservadora como antes. Após tantos avanços, é como se a gente desse um passo para trás. Isso me angustia, porque crio a minha filha para viver num lugar livre, onde ela possa ser quem ela quiser. O que me consola é que, uma hora, a resistência vai dar um passo à frente de novo. E assim a gente vai caminhando de algum jeito”, encerra.
O relacionamento de Murilo Benício e Débora Falabella teve início depois do fim de “Avenida Brasil”, de 2012, onde interpretaram Tufão e Rita.