O primeiro dia após o 2º turno das eleições foi marcado por entrevistas de Bolsonaro na TV. O presidente eleito
concedeu entrevistas às cinco maiores redes de televisão do País. Ele falou ao vivo para Globo (12 minutos), SBT (8 minutos) e Record
(33 minutos) e gravado previamente à RedeTV! (7) e Band (28).
As entrevistas de Bolsonaro na TV caracterizaram uma tentativa de aferir um verniz republicano as muitas polêmicas propostas do presidente eleito. Ele externou à Record a vontade de extinguir ou privatizar a TV Brasil, que dá traço de audiência e foi criada durante o governo Lula, contar com Sérgio Moro em seu governo, no Ministério da Justiça, ou apontá-lo para uma das vagas que surgir no STF.
Entre outros pontos abordados na maratona televisiva, Jair Bolsonaro voltou a defender o porte de armas e disse que "90% do que pretende fazer tem que passar pelo parlamento. Apenas o resto depende de canetada presidencial".
Afagos a Record
Além de ter sido a primeira, e que mais tempo dispôs com o presidente eleito, a Record foi a única que recebeu elogios. "Eu agradeço ao jornalismo isento da Record", disse ao jornalista e entrevistador Eduardo Ribeiro. A Record, cujo proprietário, o bispo Edir Macedo declarou publicamente apoio à candidatura de Bolsonaro, foi acusada de fazer uma cobertura simpática a ele e protagonizou ao menos um momento de suspeição ao levar ao ar uma entrevista com Bolsonaro enquanto o último debate do 1º turno, sem a presença do então candidato, ia ao ar na rival Globo.
E foi justamente na última entrevista do dia, ao "Jornal Nacional", que Bolsonaro deu pistas de que ainda tem dificuldades em lidar com um noticiário que não lhe seja simpático. Ele voltou a atacar a Folha de São Paulo que publicou uma série de matérias críticas a sua candidatura durante o processo eleitoral.
"Não quero que ela (a Folha de S. Paulo ) acabe, mas no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal", disse. Bonner insistiu: "Então, o senhor não quer que este jornal acabe? O senhor está deixando isso claro agora." A questão deu oportunidade para um novo ataque de Bolsonaro: "Por si só, este jornal se acabou". E acusou a Folha de ter divulgado Fake News contra ele durante a campanha.
A postura do presidente eleito gerou uma defesa improvisada de Bonner da liberdade de imprensa, tendo a atuação da Folha durante o processo eleitoral como referência. "Para ser justo do lado de cá, eu preciso dizer que o jornal sempre nos abriu a possibilidade de apresentar a nossa discordância, os nossos argumentos, aquilo que nós entendíamos ser a verdade", ponderou. "A Folha é um jornal sério, é um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileiro. É um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha e a Folha faz parte desse grupo.
Mais do que as outras entrevistas, no "JN" era clara a vocação pacificadora da atuação dos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos na condução dos questionamentos ao presidente eleito. O tópico Folha de São Paulo , no entanto, impediu que a missão fosse 100% be sucedida.
Bolsonaro para todos os lados
O jornalismo nesta segunda-feira na televisão teve o presidente eleito como tema dominante. além das entrevistas de Bolsonaro na TV , vimos matérias sobre suas raízes, infância, família, histórico parlamentar, vida como militar e as perspectivas para seu governo.